Tem coisas que me incomodam, de fato, quando estou junto dos familiares. Não quero expor coisas de família em coluna, mas isto pode estar acontecendo com você agora, neste momento, numa reunião de parentes: Sabe aquela sensação estranha de não ter a bola da vez em um assunto?
Entre crianças é ate natural que os pais sejam bem reticentes quando a gurizada quer se meter entre os adultos para falar. As vezes o momento não é, exatamente, pra criança ouvir ou participar com seus assuntos ingênuos. Sobram as restrições e, nesta, a criança vai descobrir por si mesma o mundo a volta ou vai pro quarto se entreter. Algo natural.
Mas, ao chegar a uma certa idade da vida, beirando o fim da adolescência e a entrada no mundo adulto, esta exclusão da roda da conversa não me parece, aos meus olhos, a coisa mais benéfica do mundo. Nessa hora, o jovem com sua mente encaracolada e outra visão de mundo quer expor seus pensamentos, seus acontecimentos e conquistas. Ele quer ser mais um da roda.
Infelizmente, em tempos onde a distância entre pais e filhos aumenta com o advento das mídias digitais, este envolvimento por parte de alguns parece faltar. Não se vê a juventude misturada nestas rodas, sobretudo em rodas de famílias mais tradicionais que carregam este germe do “os adultos estão falando” enraizado até mesmo quando as crianças de ontem são adultos como eles hoje.
O jovem adulto se isola, fica no seu mundo diante daqueles que lhe escutam sem reservam, quando estes tem seu tempo. E nessa ciranda, tem quem reclame que as “mídias digitais” estão acabando com os diálogos e conversas de família. Mas eu me inquieto e pergunto: será que você já não percebeu que o mesmo cara ou garota que mexe concentrada no celular agora não queria estar na roda do papo?
Em vezes, somos especialistas em apontar as falhas da família vizinha, mas nunca paramos pra pensar em nosso cercado. Colocar estes novos adultos em nossas rodas sem restrições ou cuidados demasiados com o que vão falar é a forma de incluí-los, de fato, na vida familiar, entre seus acontecimentos e realizações pessoas que tornam-se o orgulho dos parentes de fato.
Não é questão de expor os pormenores de uma vida, mas sim de incluir, de chamar pra junto e esquecer aqueles pragmatismo antigos dos pais e avós da gente que seguiam fieis ao “quando um fala, o burro abaixa a orelha”. É uma questão de restaurar e renovar o convívio familiar e compartilhar pensamentos e conquistas, fortalecer laços e acabar com essa exclusão incômoda que mais afasta do que purifica o assunto.
Pai, mãe, tio, tia, vô e vó, olhe bem para aquele filho, filha, sobrinho, sobrinha, neto e neta. Ele tem conquistas para te revelar e pensares novos para acrescentar no papo. A restauração do convívio familiar começa por vocês, convidando e não cortando ou excluindo. Abrir a mente, a roda, e enriquecer o papo.
Essa coisa de “quando os adultos falam, você fica quieto” é venenosa e fora de moda. Pense nisso antes da próxima e chame pra junto. Faz bem para aquele dia de reunião familiar se tornar um momento inesquecível.