Hoje é um dia pesado pra musica, ao menos pra mim que sei bem da história deste verdadeiro anjo do Soft Rock setentista. Americana de New Haven (Connecticut), baterista de mão cheia, um doce de mulher fora dos palcos mas que viveu uma passagem conturbada pelos dedos da família e pelas imposições do show business e pelos amores que encontrou… até uma fatídica manhã de fevereiro de 1983.
Já se vão silenciosos 40 anos sem Karen Carpenter. Na sua época, uma voz das mais marcantes daquela geração. Romantismo, poesia, uma leve dose de embalo e uma alegria quase pueril compartilhada com seu maior confidente em vida: seu irmão, Richard Carpenter, também vitima do
Juntos, os Carpenters estamparam sucessos nas paradas e seu talento era evidência constante na televisão americana. Lá, Karen parecia desafiar as vaidades da mãe super protetora e possessiva que tinha ao derrear um cabedal de ritmos em qualquer coisa que pudesse ser percussionada, além de derreter corações com algumas das melodias mais conhecidas para quem está amando.
A dupla foi capaz de fazer releituras dos Beatles (“Ticket to Ride” e “Please Mr Postman“) com um toque sutil e doce único, praticamente reinventando estas baladas imortalizadas pelos garotos de Liverpool. Também outros tantos sons ficaram pelo caminho como marca do infindável talento dos irmãos, e daria para coloca-los todos aqui como prova disto: “Superstar“, “Only Yesterday“, “I Need To Be In Love“, “Rainy Days And Mondays“, “(They Long To Be) Close To You” e por ai afora.
Mas, neste dia em que parei para reverencia-la e mostrar de alguma forma que é uma das vozes que mais gosto em todos os tempos, tinha que ter alguma resenha envolvida. Recentemente, a rodei na União FM, dentro do #meusom, contando a curiosa história de seu nascimento: “We’ve Only Just Begun“, tema lançado em agosto de 1970, quando a dupla ainda estava engatinhando no sucesso, mas concebida da forma mais original possível.
Ela nasceu de um jingle comercial para o The Crocker Bank, graças ao talento de outros dois nomes fabulosos da composição americana: Roger Nichols (música) e Paul Williams (letra). Williams, inclusive, um nome cult dos anos 1970 que colocou até mesmo o frio Dexter para tocar melodias em um de seus desenhos animados.
E como inspiração vem dos lugares mais improváveis – de páginas de jornal, objetos e frases ditas frequentemente – a música bateu nos olhos da garota enquanto ela assistia TV em uma noite calma. Não demorou muito para que ela corresse ao irmão e o pedisse para buscar os compositores. Alguns telefonemas e pronto, um dos mais belos sons de Karen e Richard virava história, legenda musical, sucesso das paradas.
Isto é doçura em forma de canção, um leve toque de amor nas nuvens, quase que flutuando na ponta dos pés em torno de uma vida que começa a dois. A letra de Williams é suave, soa poética, quase como a suavidade de vida que Karen, ao menos, queria ter diante de tantas pressões psicológicas que a levariam a temida anorexia, uma ainda misteriosa ameaça de saúde público naqueles idos.
Ela foi a cereja do bolo do “Close To You“, segundo disco do duo; foi ao topo das paradas (como de praxe), entrou para o hall da fama do Grammy e está numa estante especial da história dos irmãos no mundo da música. Uma doçura musical que Karen nos deixou em voz e que faço essa reverencia. E quanta falta faz aquele sorriso, aquela alegria, aquele jeito de ser tão somente e apenas… Karen Carpenter.
“Apenas começamos a viver
Rendas brancas e promessas
Um beijo de boa sorte e estamos a caminho
Nós apenas começamos”