Você entra em qualquer supermercado pelo país e a cena é sempre a mesma todo ano, em tempo de páscoa: Ovos de chocolate formando aquele túnel que encanta crianças e adultos, seja pela originalidade da embalagem ou, claro, pelo sabor do chocolate.
O ovo de páscoa é tradição há séculos. Desde as nossas tenras lembranças, nos singelos ovos coloridos com sementes de colorau, aos confeccionados com o irresistível chocolate, não tem quem recuse um pedacinho, ao menos se você não gosta da iguaria vinda do cacau. No entanto, com o passar dos anos, os ovos de páscoa foram perdendo o açúcar e ficando cada vez mais salgados, isto quando se fala em preço.
No fim de março, os Procon das principais cidades de Santa Catarina divulgaram pesquisas sobre os preços dos ovos de páscoa. Os números assustam e comprovam que o tempo passa e a carestia dos ovos espanta ainda mais. Em média, os preços de um mesmo ovo tem variação de 93,8% de um estabelecimento para outro. A maior variação foi em Florianópolis, onde um mesmo ovo de páscoa teve variação de 93,22%.
Aqui pelo Vale, tomando como base o mercado em Blumenau, o mais caro dos ovos tem preço variando entre R$ 79 e R$ 94,98, segundo dados da pesquisa do Procon blumenauense. Preços que tem assustado clientes e feito-os perguntar por que tamanha variação, por que tão caros e, ainda mais, por que um preço tão alto para um produto que, por vezes, tem uma gramagem menor que uma barra de chocolate?
A própria Nestlé foi responsável por responder a pergunta que já virou até campanha nas redes sociais contra os altos preços dos ovos de páscoa. Em matéria de 2014 publicada pela revista Época Negócios, da Editora Globo, a tradicional marca suíça justificou – e com razão no argumento – que o preço mais salgado se explica pelas condições de produção excepcionais, além da concepção do ovo como um presente especial e não como um item de consumo simples, como a barra de chocolate.
A produção de um ovo de páscoa, segundo a explicação na mesma matéria, se deve com outros elementos e exige maior grau de complexidade. Fora as contratações extras de funcionários para as linhas de fabricação dos ovos, as embalagens, variações de sabores, brindes adicionais aos produtos e a produção e transporte especiais contribuem para o aumento do preço do produto além do que custa uma barra de chocolate da mesma gramatura. E, em tempos de crise, os insumos também podem sofrer alta de preços pela grande procura, uma espécie de dominó que colide diretamente com o cliente.
Outra explicação dada pela Nestlé, agora num campo mais emocional, é a da concepção do ovo como presente e não como um item comum de consumo. Como se trata de uma lembrança para presentear no período de páscoa, a produção do ovo de chocolate é mais elaborada e procura deslumbrar o consumidor e o presenteado com um produto original, mais belo e especial.
Sendo plausíveis as justificativas ou não, o que importa ainda é que o preço assusta, e mais ainda ao saber que, atualmente, se faz pagamento parcelado em até várias vezes no cartão, como oferecem vários supermercados pelo Brasil. Neste campo, a lei é economizar para não gastar com a iguaria. Priorizar parentes próximos e crianças na lista de presenteados, pesquisar bem preços, evitar dívidas com os ovos e até esperar a passagem da páscoa para comprar ovos mais em conta, tudo vale para, aos que desejam, não ficarem sem seu ovo este ano.
Mais baratos, é difícil, mas ao menos se entende o porquê da carestia. E para os que desejam ter consigo o prazer de saborear um produto diferenciado e encantar parentes e amigos, a regra é economizar, procurar melhores preços ou, no caso extremos, procurar algo que não seja tão salgado quanto o preço dos bons e velhos ovos.