Eu queria entender uma curiosidade mórbida: sabemos que o ser humano tem curiosidades até um tanto fetichistas e que a tragédia, além de vender mais cliques e acessos além dos jornais, enche os olhos de muitos que buscam assunto para encher a mente.
O titulo ficou corriqueiro: “quem era o fulano que morreu em um acidente no dia de ontem”, algo nesta maneira. Imediatista, pobre de noticiabilidade e qualidade de texto, ainda mais nefasto quanto este tipo de pauta simplesmente aproveita-se de uma comoção alheia para satisfazer curiosidades perturbadoras, pois (acredite!) tem quem grave o nome de um falecido ou falecida para buscar o perfil nas redes posteriormente.
A necessidade de se bater metas de cliques tem sido um dos motivadores que fazem explorar este expediente, isto desde os tempos do jornalismo “bacia de sangue” de alguns profissionais. Tornou-se um comportamento tão normal que, mesmo sem pedir, o “santo” algoritmo sugere o material sem pudor, como se todos fossem curiosos na porta da capela mortuária.
As mesas acadêmicas tentam incutir ética na busca da informação, mesmo ela sendo do “hard news”. Mas aonde foram esquecidos estes preceitos? A acessibilidade de um material tornou-se um produto tão ou mais importante do que a qualidade do que está escrito ali e a curiosidade mórbida não deveria ser usada como elemento de busca de incautos que se alimentam do sangue que verte ainda fresco da alma de alguém vitima de uma fatalidade ou algo parecido.
Ao amigo ou amiga que me lê, você gostaria de se importunado pelas memórias de um ente perdido no momento dolorido da fatalidade? Lembre-se que a curiosidade se volta aos que são curiosos. Por isso, role suas redes atrás do positivo e da informação que situa e edifica, e pare de derramar a constante bacia de sangue a sua volta para inúteis perguntas do dia.
Respeitar a vida humana deve ser missão de todo jornalista, muito mais do que cliques e curtidas. Bora pensar nisto (se possível ou se alguém não morrer para os curiosos de plantão).