Antigamente: A marca indelével dos Montanari

Formação atual dos Montanari. Entre trabalho, algumas tristezas e muitas alegrias, segue vibrante a estrada dos herdeiros de Bruno, Oswaldo e Darci (Divulgação)
Formação atual dos Montanari. Entre trabalho, algumas tristezas e muitas alegrias, segue vibrante a estrada dos herdeiros musicais de Bruno, Oswaldo e Darci (Divulgação)

Recordações de um jovem jornalista…Em 2009, publicara orgulhoso no blog do amigo e mentor na história Adalberto Day uma crônica intitulada A hora dos Montanari, contando em alguns detalhes um pouco da trajetória de uma das bandas mais populares da música germânica e de bailes do Vale do Itajaí. Era um texto extenso, ainda sem a qualidade devida mas que prestava a devida reverência aos herdeiros do legado dos irmãos de Concórdia, os responsáveis por esta bela história.

Seis anos depois, e alguns meses antes da esperada Oktoberfest, cá estou de novo prestando reverência a banda que muito admiro e que muitos blumenauenses e amantes dos kerbs no Vale também aprenderam a ouvir e aplaudir. A certidão de nascimento d’Os Montanari data de 1958, na distante e simpática Concórdia, onde os irmãos Bruno e Oswaldo Montanari, junto do Fridolino Kiekov, Arthur Tessmann, Erwno Vatzlavick, Urbano Bloss e Werno Falk, davam vida ao conjunto.

Disco de 1971, o último de Oswaldo Montanari (terceiro a direta). Ele faleceria no mesmo ano, abatendo muito o irmão, Bruno. Mas o show precisava continuar, e assim foi (Reprodução)
Disco de 1971, o último de Oswaldo Montanari (terceiro a direta). Ele faleceria no mesmo ano, abatendo muito o irmão, Bruno. Mas o show precisava continuar, e assim foi (Reprodução)

Como todo conjunto de cidade de interior, Os Montanari também enfrentavam dificuldades, mas sempre acompanhados por uma maré de pessoas crentes no potencial dos persistentes músicos de Concórdia. A dolorida morte prematura de Oswaldo Montanari, em 1971, parecia colocar o sonho por terra, mas os fãs já eram muitos, os bailes não eram os mesmos sem o som característico vindo dos comandados de Bruno, que voltariam a carga para nunca mais sair do lugar de direito, o de destaque.

O som inigualável dos Montanari, registrado especialmente nas gravações pelo antigo selo Alvorada (pertencente a Chantecler), marca até hoje uma revolução nos grupos de Kerb no estado. A inclusão do baixo elétrico dando marcação precisa, somada a bateria marcante, a precisão dos metais e a habilidade de Bruno Montanari com órgãos e acordeons assinou a marca da banda, que em 1977 saia do oeste para se instalar em Blumenau, fazendo a alegria dos frequentadores assíduos de bailes e festas do chopp nos clubes de caça-e-tiro da cidade e região.

A banda em 1977, já instalada em Blumenau. Bruno Montanari é o segundo, da direita para a esquerda (Reprodução)
A banda em 1977, já instalada em Blumenau. Bruno Montanari é o segundo, da direita para a esquerda, o primeiro do lado direito é Henrique Bento, morador do Garcia à época pistonista da banda (Reprodução)

Alegria esta estendida anos mais tarde aos pavilhões da Oktoberfest, onde a banda é a mais antiga nos pavilhões, presente desde a edição de 1985. E não é por menos que os shows dos Montanari ainda levam milhares ao delírio nas noites da maior festa alemã das Américas. Trabalhando como repórter da BluTV na festa de 2014 pude, com muita honra, presenciar pela primeira vez um show d’Os Montanari ao vivo. Inigualável, soberbo e arrepiante. Afinal, as músicas tão repetidas por diversas bandinhas da cidade e região, em grande parte, são deles próprios, que ainda as executam com a mesma perfeitíssima de outros tempos. Entre elas estão Der Sommer Komt Immer Wieder (O Verão Sempre Vai Voltar), Heyo Heyo, Zic Zac, entre tantas outras…

O consagrado Vol. 16 da banda, de 1980. Nele está "Der Sommer Komt Immer Wieder" (O Verão Sempre Vai Voltar), um dos tantos sucessos recordados pelas bandinhas do Vale (Reprodução)
O consagrado Vol. 16 da banda, de 1980. Nele está “Der Sommer Komt Immer Wieder” (O Verão Sempre Vai Voltar), um dos tantos sucessos recordados pelas bandinhas do Vale (Reprodução)

Outras duas perdas dolorosas marcariam a história da banda: A de Bruno Montanari, vitimado por um AVC, e a do veterano saxofonista Darci Montanari, ambas em 2009. A de Darci teve ainda um toque mais do que trágico, já que o musico falecera no palco, em um show em Pomerode, vitima de um ataque cardíaco. Valente, a banda voltou ao show, como reverencia ao colega/irmão, que partiu fazendo o que mais gostava.

Entre momentos tristes e muitos alegres, Os herdeiros musicais de Bruno, Oswaldo e Darci continuam seguindo com brio e talento a estrada musical, começada na bela Concórdia e continuada no verde Vale do Itajaí, entre notas e melodias inesquecíveis. Muito ainda há para se tocar e encantar nesta estrada…Mas que nunca falte no caminho chopp, alegria…e o som do limpa-banco dos Montanari, um recorte vivo da história e nostalgia da vibrante Blumenau.

Para não deixar de ser, um som dos Montanari para fechar este post…merece, né?

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