O Papa morre, o ódio fica

Incrível, nojento, totalmente fora de qualquer forma de razão possível.

É fato que nem mesmo o momento de fé, oração e paz escapa dos debates mundanos que insistem em enfiar Cesar em Deus em qualquer conversa. Nem mesmo a partida de Francisco escapou, tornada ela outro exemplo da contaminação ignorante que vivemos nesta terra cansada de guerra.

Ouvi por algumas vezes, em textos e conversas, que o Papa Francisco fora “o Papa preferido dos ateus”. Talvez faça sentido pensar assim, mesmo eu sendo católico praticante. Nas altas rodas do poder religioso (se é que podemos definir desta forma), as ideias progressistas e os atos verdadeiramente simples do pontífice soavam como uma afronta, algo parecido como um “pensamento a esquerda”, segundo os “teólogos” de igrejas improvisadas.

As manifestações de pesar e tristeza tiveram, lamentavelmente, a mancha odiosa do preconceito, da polarização e da ignorância. Mas nada que espantasse, afinal são reflexos do que tem se tornado as denominações cristãs com o tempo, imersas na distorção do que é o bem e o mal: prega-se a devoção política e a defesa da “moral e bons costumes” em nome de uma política, passando muito longe do que está crivado na Bíblia há mais de 2 mil anos.

Se praticar o bem, quebrar as amarras do preconceito e ignorância e convidar a verdadeira reunião de povos para viver em paz tornaram-se elementos “esquerdistas”, algo está muito podre no cerne de toda uma sociedade que pede prosperidade e esquece da humildade, achando esta um desvio de conduta, uma insensatez enquanto engorda dízimos e dízimos para os que incentivam este pensamento.

Lamentavelmente, melhor fosse se Jesus não voltasse, numa sincera reflexão. Afinal, para muitos, o que o galileu pensava naqueles tempos poderia faze-lo parecer uma reencarnação de Marx. E infelizmente, Francisco é mais um que deixa belas lições tornadas poeira para ouvidos moucos.

É duro, mas é verdadeiro: o Papa morre, as lições ficam… mas o ódio, teimosamente, está em nós.

E nem a fé escapa.

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