Se você acha, hoje em dia, que fazer rádio é simplesmente colocar música com música, um setor jornalístico e chamar um bom comunicador para os trabalhos… está errado!
E se você está fazendo rádio deste jeito e crê que as coisas estão muito bem, obrigado, acho melhor você começar a se preocupar com o que vem por ai.
A realidade está mudando, e para alguns ela tem sido muito cruel no que diz respeito a saúde financeira ou a qualidade de programação que oferece. A cada dia, uma emissora copia a fórmula de outra, movida muito mais por audiência e comercial do que pela qualidade e diferencial.
Acha que é exagero falar isto? Agressivo? Pois não se engane. A jornalista Luisa Bustamante trouxe em matéria da revista Veja (sim, Veja, e dai?) da última semana um assunto que diz muito respeito as emissoras de rádio brasileiras nos últimos tempos: A decadência do modelo antigo de programação e a necessária revolução para os meios digitais e a interatividade.
Quem é de rádio ou tem afinidade pelo meio (ou o que for relacionado ao assunto) tem a obrigação de ler este material, compartilhado comigo pelo bom amigo e lenda da comunicação Osmar Laschewitz. Fora a queda de ouvintes (850 mil a menos, especialmente na tenra faixa dos 15 aos 29 anos) e a redução na receita com publicidade em 280 mi, o meio tem perdido emissoras, reféns desta realidade e da falta de visão dos administradores. Ainda segundo Luisa, em dez anos cinco emissoras grandes se calaram para sempre, num reflexo deste panorama.
É notável que o rádio não vive mais a tal era de ouro de outros tempos. Ele ainda é necessário e presença constante para muitos brasileiros (como aqui no Vale, por exemplo), mas não respira mais como um dos grandes veículos de informação e comunicação de outrora. E o grande adversário na mudança de preferencia tem sido a internet, o serviço de streaming e correlatos, que tem feito se perderem as emissoras tradicionais.
Ainda refletindo com a cuca de Luisa, as rádios brasileiras tem se dividido em três nichos, sendo um deles o único que tem alguma vitalidade: o de notícias. As rádios voltadas a informação diária são, hoje, as mais procuradas no país e ganham alimento noticioso sobretudo com as pancadarias da Lava-Jato e outros escândalos. Band News e CBN, inquestionavelmente, são os grandes expoentes neste segmento no país na atualidade.
Atrás delas, os segmentos de rádio talk e de caráter religioso são os que mais tomam pancadas neste momento de decadência. As voltadas mais para o entretenimento parecem ter um modus-operandi copiado de uma para uma que garante o mínimo em audiência e financiamento, mas não a qualidade. Por vezes faltam temas para abordar e a qualidade do repertório musical não ajuda, é popularesca, fraca e sofrível para manter o dial no mesmo lugar. Coisas do momento musical brasileiro, mais para o mercado do que para o refinamento.
Já as religiosas são infelizes exceções. Mantidas, na maioria, com as doações dos fieis e alguns apoiadores endinheirados, as programações são pouco atrativas, apelativas em momentos, e tocadas por profissionais primários que não conhecem o meio. Mesmo com saúde financeira aparentemente tranquila, estas emissoras ou rasgam os livros de marketing ou rasgam histórias de emissoras clássicas que, assassinadas pela revolução midiática ou mercado, param na mão destas instituições, como a antiga Rádio Mundial, no Rio de Janeiro, hoje nas mãos da Igreja Mundial do Poder de Deus.
Para não morrer pela boca, a saída é apostar numa renovação quase completa das programações, tentando atrair o público com novos temas e novas abordagens dos ouvintes. Na mesma matéria Luisa destaca o caso da tradicionalíssima Rádio Globo, que está fazendo tombar programas tradicionais não mais rentáveis em nome de atrações modernas, que brinquem com a interatividade e chamem de verdade a atenção do ouvinte.
E não é só criar a atração e seguir adiante, apostar na conexão via internet é outra lei das maiores que tem batido cada vez mais forte atualmente. Não apenas criar o streaming e jogar na cara da rede, a qualidade do sinal é algo que também peca e muito, com constantes cortes e falhas de transmissão. Além disso, a internet também é fator para aproveitar outros mecanismos e promover ainda mais interatividade do que, simplesmente, usar Facebook ou Twitter.
Reinventar radicalmente é a nova ordem para que as emissoras tradicionais sobrevivam. Quer você, dono ou locutor de rádio, queira ou não. Se você não acredita nesta máxima, seja um pouco observador e fique atento ao que você está oferecendo ao seu ouvinte ou vendendo ao seus contatos comerciais, os verdadeiros termômetros que mostram a quantas anda o setor.
Depois, não haverá programa nem mudança de frequência que salve sua emissora do fracasso. Pense nisso!
André, o radialista…. Timbó o ouve!
O rádio no Brasil, em Blumenau fundado em SC a partir de 1929 na Empresa Industrial Garcia, têm nome, o grande João Medeiros Jr. , foi aquele que deu voz ao estado e um dos primeiros do Brasil. Slogan “brasileiro não vive sem rádio” ainda creio que seja assim. Eu adoro ouvir Rádio, ou melhor seus comunicadores e especialmente AM.
Mas como diziam os navegadores a partir de 1500, “Abrolho”, se não a casa ou melhor o rádio vai ou sai do espaço? sei lá entende. Se depender de mim estarei ouvindo sempre, como neste instante estou ligado ou logado?
Então que Deus salve o Rádio, vamos sim repaginar para dar certo.
Parabéns por essa bela reportagem.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau.