(Josiane Caitano)
O Miguel é meu afilhado. Ele tem dois anos e meio e gosta de brincar de boneca e de fazer comidinha. Filho da minha irmã, ele tem todo o apoio de uma mãe cabeça aberta que não vê problema algum nisso. Ela é corajosa. Embora hoje a sociedade já esteja um tanto mais aberta a essas questões, ainda é muito difícil para muitas pessoas ver isso com naturalidade.
Em um tempo em que muito se fala sobre empoderamento feminino, sobre o espaço conquistado pelas mulheres no mercado de trabalho e as lutas pela igualdade de gênero, ser mãe de menino é uma grande responsabilidade também. Não basta ensinar as meninas, educá-las para buscar seu lugar no mundo, a serem protagonistas de suas histórias, a se valorizar. É preciso preparar os meninos para isso, para que toda essa questão seja vista de forma mais natural no futuro.
Por muito tempo a mulher foi vista e tratada como a dona de casa, criada para cuidar do lar, dos filhos, cozinhar. Não que isso não tenha uma importância gigantesca, mas por que seria apenas função da mulher cuidar dos filhos e da casa? Por que um homem não poderia fazer a mesma coisa? Por que um homem tem direitos a mais simplesmente por ser homem?
Há não muitos anos, era normal o autoritarismo, o homem mandar e desmandar na mulher, desrespeitá-la. Com muito esforço, as coisas estão mudando aos poucos. Mesmo assim, muitas pessoas ainda olham atravessado quando vêem ou sabem que o Miguel gosta de brincadeiras de meninas. Esperamos que as coisas mudem no futuro. Que as pessoas não julguem tanto. Estamos fazendo a nossa parte para mudar isso.
Meu filho, Bernardo, tem apenas um aninho e ele também já é livre para brincar do que quiser, tanto de bola, quanto de boneca. Aliás, ele é até incentivado a isso. Em breve, o Miguel e o Bernardo devem preparar alguns buffets para a família toda (risos).
Precisamos de homens que saibam respeitar as mulheres, de pessoas que saibam respeitar as outras pessoas, independente se é homem ou mulher.
Respeito é a palavra, por isso, pais e adultos que não são pais, vamos dar o exemplo?
Não existe brincadeira de menina ou menino. Existe sim brincadeira de criança, o meu João também ama brincar de fazer comida e cuidar de seus nenéns. Pra mim isso é ótimo e já poder incentivar ele para um dia no futuro ele gostar de cozinhar e também cuidar e amar os outros.