Sempre chamei Emerson Luis de “o guru do esporte”, numa saudável brincadeira. E outra vez ele me dá a demonstração de merecer este apelido com toda justiça.
Eu sou torcedor do BEC. O Blumenau foi o time da minha geração, mesmo nunca pisado no velho Deba. Os domingos a tarde na Rua das Palmeiras eram de eferverscência, jovens e velhos acreditando que era possível, que dava certo, que seria naquele domingo que a gloria viria para o time que era a cada da cidade.
O tempo passou, como tudo passa especialmente para o que é efêmero por culpa dos homens. O BEC se foi, voltou , se foi de novo, envergonhou e fez sorrir antes de queimar o filme de novo e, combalidos, os torcedores chegam a 2020 sem saber se ao menos existe um time, um plano, alguma coisa.
Fazer futebol em Blumenau é a coisa mais contraditória que existe. O tio do bar reclama que o dinheiro deve ser usado para fazer coisas uteis: saúde, educação, segurança, o velho tríduo de todas as vezes e conversas…
No entanto, mais tarde acompanha o futebol reclamando que a cidade em que mora não é capaz de ter um time. Nunca apoiou, nunca cogitou questionar o porquê do imobilismo empresarial da cidade que vê o esporte bretão com olhos políticos e pouco profissionais. Eterna várzea.
A cidade multicampeã no esporte amador (vide JASC) não é capaz de fazer um time de primeira grandeza no cenário estadual.
A terceira maior economia catarinense não tem um representante bem montado no futebol…
A capital da cerveja não consegue misturar chopp com bola no gramado…
Sim, dói ouvir isso, mas é verdade. E não falo apenas do BEC, cuja confusão administrativa apela até pra vaquinhas para quitar o que falta, lá do outro lado da cidade, o Metropolitano fala em “grandes parcerias”, mas ainda navega na água do seu complexo construído pela metade, afundado em problemas e que, se conseguir a dignidade de voltar bem na segundona, não se sabe se terá a mesma dignidade para jogar bem na elite e, ao menos, não cair.
Futebol e Blumenau é algo que não funciona. Não com a ótica atual. A pura várzea de pessoas que dizem entender do esporte bretão, mas no final são os mesmos tecnocratas e coringas públicos que aparecem, criam um projeto mirabolante e, tão logo o trem desanda, deixam diretorias sem saber o que fazer quando saem do gabinete.
E pensar que temos tão reles DOIS títulos catarinenses… Empoeirados na estante do Olímpico, o último campeão catarinense vindo daqui, cujo bicampeonato foi conquistado numa maratona sem fim no tão tão tão distante 1964. Tempos de ingenuidade e causos, mas que pareciam funcionar melhor do que a marcha fúnebre atual.
O torcedor sofre, míngua as arquibancadas do Sesi esperando algo ou algum milagre. O mesmo Emerson me fazia sentir paúras quando dizia a quantidade de público em algum jogo. Ingresso caro, pouco apoio, futebol sofrível e tudo na maior “normalidade” para quem julga ter um time.
E eu cheguei ao máximo da desolação quando li com estes olhos um comentário amargurado do torcedor-símbolo do BEC em uma tarde desgraçada do time numa das tantas voltas: Maicon Chatourni pedia pra “fechar o time”, pura e simplesmente. E mesmo que ele negue que pensou assim, eu vi e guardo isso até hoje na memória. E simples: quando torcedores como Maicon soltam uma destas mesmo no “calor do momento”, é porque tá difícil aguentar.
E aos empresários blumenauenses, serve o exemplo do Bruscão: segunda fase da Copa do Brasil, título nacional da Série D e uma campanha no catarinense até o momento irrepreensível! Lá está dando certo, como sempre era para ter dado…
E por que aqui não? Não vale resposta invasiva!
Já deu de ingerências e joguetes. O futebol de Blumenau merece ser grande como a cidade o é. Sem várzea ou inconstâncias, mas com projetos sérios e que permitam uma continuidade, não um continuísmo.
Não falo apenas ao BEC, mas ao Metrô, cujos torcedores também devem estar o pedindo de volta aos bons dias…
Valeu por mais esta, Emerson… Coisas assim muita gente anda precisando ouvir. E nós, torcedores e admiradores, jornalistas ou não, precisamos estar de olho vivo. É pelo futebol, pela história, pelo nosso esporte.
Então, como é que é? Continuaremos na várzea ou vamos nos comportar como gente de Blumenau?
BEC e Metrô, a resposta está com vocês…