Beethoven, Chopin, Mozart, Schubert, Ravel, Lizst… eu dizer que nenhum destes é um gênio do piano clássico é um crime inafiançável para qualquer um que gosta de musica. Mas eu tendo a colocar entre estes um nome negro, americano e feito gênio já no lumiar do século XX com aquilo que chama-se de “ragtime”.
Em se tratando de piano, um de meus instrumentos favoritos na música, o cara da vez por hora é Scott Joplin. Americano de Texarcana, foi um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento do ragtime, primeiro estilo totalmente nascido nos Estados Unidos, com origem popular, permeado por um swing próprio e uma levada animada, típica dos saloons e bares do principio do século passado.
A mistura de ritmos em que ele foi metendo-se naqueles idos, somada a uma capacidade enorme de improvisação, fez de Joplin um virtuoso completo do piano neste estilo, escrevendo 44 peças, entre elas as icônicas “Maple Leaf Rag” e “The Entertainer”, esta última talvez a mais conhecida de seu repertório. Mas, como era de se esperar pelo ritmo popular que continha (e, talvez, por ser negro, o que não duvido vindo dos EUA), não era levado a sério e muito pouco recebia de royalties pelas composições feitas.
Ele morreu cedo, vitimado pelas complicações da sífilis em 1917, aos 48 anos. No entanto, mesmo com a demora em seu reconhecimento, sua música ao piano virou retrato de uma época que ainda tinha toques idílicos, uma vastidão a ser descoberta, criada e recriada, e tudo isso embalado por pianos alegres em tempos pré-grande guerra e de inocência diante do novo.
Abaixo, pra quem quer curtir “palhinhas”, uma demonstração do Lord Vinheteiro com 10 sons de Joplin, todos eles tocados num elegantíssimo piano de 1915! É mole?