Homem, a pergunta é simples, mas a resposta será, certamente, a mais grosseira e humanamente egocêntrica possível: “o que é ser ‘homem’ atualmente?”
O homem não sabe responder. Tentará, naturalmente, mostrando toda a sua masculinidade sob a máscara do odioso machismo. Esse mesmo que você, homem, fica negando o tempo inteiro para me justificar tudo na base do “comer”, da satisfação inócua do teu prazer, pura e simplesmente.
Aliás, a gente leva tudo ao fim comum do sexo, isso é fato entre uma maioria silenciosa. Tudo parece se resumir nisso, como mostra de uma força perante a mulher e a sociedade – com suas tão diversas facetas – que te faz um ser blindado e invencível, mas corroído pelas fraquezas de uma vida por vezes falsa, vazia, proibida para os sentimentos e fragilidades.
Você tentar ser mais sensível ou correto com suas atitudes e pensamentos já é, para teus semelhantes, uma prova de fraqueza e feminilidade, na sua visão deturpada do que é a lógica da vida. Qualquer nova visão sobre o papel da mulher, da criança e do mundo a sua volta já é visto como uma afronta sem tamanho, um ataque constante ao “direito divino” de ser homem dentro da sua suposta força.
Mas eu, escriba que observa situações e sabe de outras tantas profanadas pelos próprios semelhantes, um homem dentro de seus erros e aprendizados constantes, me permitindo também ser frágil e refletir sobre o mundo de ontem e hoje, te aponto o dedo sem medo da tua agressão covarde e mimada: você é fraco, impotente e acéfalo.
Por anos e anos, te privaram a sensibilidade como se esta fosse ameaça de tua ruidosa masculinidade. Apontas o dedo para a diversidade e a humanidade como se ela fosse a propulsora dos “mimimi” que regurgitas quando ouves das injustiças que existem e que ignoras. E para a última defensa, olhas vidrado, quase que despindo com as retinas, um corpo feminino que passa à sua frente, condenando vestimentas e atitudes para, tão somente, reforçar teu prazer nefasto, teu patriarcado adquirido.
Você é fraco! E eu admito sem medo de estar cercado de tantos outros que pensam exatamente assim. Ouço revoltado de tantas mulheres as denúncias de abuso, de violação da intimidade em movimentos sutis e palavras que soam mais como vergonha alheia. E tudo isso disfarçado de “naturalidade”, como se todos em volta estivessem sob efeito do álcool ou do propalado “mimimi” que disfarça as fragilidades e justiças.
O homem, hoje, nega-se a se reinventar e pensar diferente sobre suas atitudes dentro da sociedade. E enquanto ele próprio segue imerso no seu hedonismo e insaciedade sexual, jamais se permitirá a ele entender isto. E são poucos que entenderão, muito poucos, lamentavelmente. Os outros, se fecham neste hedonismo disfarçado de medo do lado feminino que qualquer ser tem.
Ainda é tempo, mas você quer mesmo ser um homem? Cabe a tua consciência e tua vontade de evoluir. Duvido, me cale a boca, pois na esquina seguinte seguirá teu machismo odioso, espero estar errado, pois creio que vou ouvir muito.
Você não é homem! Seja homem de verdade, se surpreenda.
Oi André!!!
Belo e profundo texto !
A nossa triste herança do patriarcado foi exposta claramente em suas palavras!
O verdadeiro homem não precisa demonstrar com os padrões machistas que é homem !
Que ele entenda que homens e mulheres são igualmente capazes intelectualmente, sentimentalmente e que esse entendimento trará muito mais Luz a todos os relacionamentos!
O machismo, como todos os “ísmos” limita os seres humanos a serem livres e fazem mal a toda humanidade!