Passou mais um 7 de abril. Aquele dia onde a gente lembra, sorrindo saudosamente, da escolha que fez, sorrindo copiosamente e desejando que isso não acabe nunca. Em algum momento, apontamos o dedo pro rumo que queremos tomar, e dele tiramos bem mais que um sustento, mas a forma que queremos militar profissionalmente, quase como uma diversão diária entre glorias e fardos.
Se alguém me pergunta ou indaga, talvez não, não me considero uma excelência em jornalismo quando olho tudo que fiz e quero fazer. A miúde, tem repórteres e profissionais bem maiores e cheios de história, mas no que me cabe dentro das minhas pretensões e aptidões da profissão, pretendo sempre ser o melhor no que faço, aprendendo e ensinando, construindo e criando, comunicando puramente no microfone, no rádio cujo casamento é indissolúvel e a paixão é latente.
No entanto, me questiono há algumas semanas sobre uma questão que considero vital para que comunicar no rádio torne-se atraente e inovador: criatividade, o sair da caixa e da curva e fazer além do que o puro “condutor de programa” nas ondas. É fato: não se vence sem criatividade e vontade, sem cartas na manga para conquistar ouvintes com um conteúdo convidativo, que o identifica e o toca no que ele quer ouvir e sentir naquela frequência.
Ser imprensa é também pensar fora da caixa e ir além. É um debate antigo, tem quem tire o valor disto, o coloque rasamente nos números comerciais, limitando o artístico a mero executor de produtos vendáveis ou do que está programado em contratos. Lamento, me desculpem, não sei ser um jornalista fora deste processo. Resumir-se a isto, mesmo que não pareça flagrante, é tacanhice e bloqueio da criatividade do profissional, uma ideia mais morre no pensar de um locutor ou produtor.
Sendo direto também, me pergunto os critérios que os profissionais de hoje tem para elencar e avaliar o quanto um locutor ou produtor é um profissional que, verdadeiramente, inova na profissão. Dá raiva, mas o rádio, dentro do turbilhão que encontra-se na revolução virtual, é muito maior do que o perfil raso que se impõe.
O ouvinte espera do outro lado que a surpresa mexa com seus sentidos e emoções: a música especial, a informação clara e próxima, a conversa que abre mais uma cadeira educadamente. Espera um comunicador criativo, verdadeiramente criativo e inovador, longe de cópias-carbono que permanecem estacionadas no comodismo da vida e dos processos constantes e frios que endurecem esta relação.
É possível, mesmo a custa da incompreensão das posições superiores, reinventar o rádio e torna-lo atraente a ouvidos e corações. Ele sempre fez isso em tempos áureos, com nomes que são sinônimo de comunicação inovadora e marcante, rica em conteúdo e, graças a isso, o verdadeiro retorno que empresas esperam ao ver o anuncio pago por elas coladas a estas revoluções que geram audiência e prestígio.
Portanto, em linhas gerais e diretas: use a criatividade e inove. Informe e entretenha, mas seja você impresso em cada trabalho. Ele talvez não te dê troféus, mas a satisfação de ver ouvintes e clientes satisfeitos, interagindo e compreendendo sua mensagem e criação, é o pagamento de um jornalista no microfone do rádio, o mais próximo do nosso receptor da mensagem que a comunicação pode chegar
E depois dessa, me permitam voltar as ondas. Por mais um 7 de abril e mais um dia de rádio.