A quem possa ler, soará ingratidão escrever isso.
Mas como jornalista e, especialmente, radialista, eu preciso.
E jornalismo sério, muitas vezes, faz doer a quem tem culpa no cartório.
Em nenhum lugar, o racismo deve caber e estar. Tanto ele quanto qualquer pensamento ignorante movido por estereótipos ou ideias antigas.
E no rádio, onde milito com orgulho, é ainda mais revoltante perceber comportamentos e pensamentos antigos desta forma sendo normatizados como se houvesse um mundo “normal” na redoma deste Vale cada vez mais fechado no arcadismo, onde os novos olhares são tratados com ombros dados e comparativos toscos de “nutella e raiz”.
Inaceitável também é ouvir e concordar sem reagir. Tão conivente com quem propaga esta mensagem montado no “poder” que tem. O discurso discriminatório é parte de um passado que não se pode nem cogitar lembrar, apenas se for para utiliza-lo como mau exemplo e reflexão para que não se repita.
O estúdio de uma rádio não é uma mesa de bar ou a sala de casa. O ouvinte sim, está nestes locais atento a palavra do locutor ou locutora, a arte que ele desenvolve atrás do microfone, no sobe-e-desce da trilha, na concatenação da ideia, na mensagem.
Mas ali dentro estamos mexendo com comunicação séria, que enaltece, mas também rebaixa e humilha dependendo do uso. E neste caso recente, salvaguardar-se no poder que tem não é chancela para liberar falas desmedidas ou desprovidas de reflexão e sensatez pelo mundo fora do estúdio que, vez ou outra, frequenta.
O rádio não é espaço para o arcadismo e a ignorância, deve ser o lugar da informação, da companhia, da arte, da boa música. Tudo ao contrário disto não tem cadeira cativa nem voz.
Em nenhum lugar o racismo e o preconceito devem entrar.
Sobretudo, num estúdio de rádio.
Perfeito!
“Inaceitável também é ouvir e concordar sem reagir.”
As pessoas são “mansas” quando afeta os outros, contribuem para criar um ambiente ostil, depois se vitimizam quando sofrem as consequências…