Ele já foi de tudo. De personagem de orgulho da indústria nazista a astro de filme de Walt Disney. Já foi casa, amor, causa de separação, já foi hilário mas também nos fez chorar. Como pode uma espécie de bolinha e metal, plastico e borracha causar-nos tanta emoção? Ao menos, é o que filosofam os que amam e se enraivecem os que o odeiam. Afinal, não há como negar que mais da metade dos tantos milhões que povoam o Brasil, mesmo amando ou odiando, já pisaram, andaram ou falaram do bom e velho Fusca.
E nesta segunda última- 20 de janeiro – é de grande júbilo para os amantes do besouro no Brasil. Desde 1989 esta data é considerada magna para o veículo no país. Foi decretada pela Volkswagen brasileira por ser considerado este o primeiro dia de fabricação do carro em nossas terras. E detalhe, ele não foi o primeiro Volks tupiniquim. Apesar de montado em CKD (Completely Knock-Down, ou Completamente Desmontado) desde 1950 nas oficinas da Companhia Brasmotor (a tradicional Brastemp), o Fusca só entrou em linha em 1959, quase dois anos depois da irmã maior, a veterana Kombi, que estava na linha desde 1957.
Apesar de pequeno, desengonçado e desconfortável para alguns, o Fusca é o máximo de clássico automóvel que jamais foi fabricado em todos os tempos. Em quase todo o globo, não importando o nome, o Beetle / Kafer / Carocha / Sedán / Fusca é o amor maior de muitos que nasceram, cresceram e vivem até hoje dentro do diminuto mas aconchegante interior do besouro. E para eles não há defeitos, o motor pode ser fraco mas é valente em subidas e não entrega jamais. O interior pode ser pequeno e não existir porta-malas, mas sempre há espaço para mais algo ou para mais alguém. O Fusca é de famílias, casais ou solteiros, é um cidadão do mundo.
E tão marcante quanto o carro em si foi a obra que habilidosos publicitários deixaram para o conquistar do público que, ainda desconfiado, olhava torto para o carro. Sobretudo nos EUA, onde coube ao mago Bill Bernbach a façanha – se é que pode assim dizer – de tornar um produto originário do tempo do nazismo, pequeno, pouco potente e estranho um ícone em meio a carrões V8, gigantes e gastadores eméritos fabricados na Terra do Tio Sam. A arma de Bernbach era o humor, a sátira que fazia dividendos para os alemães de Wolfsburg e rendia vendas e sorrisos para os yankees.
A fórmula deu certo. E tão certo que pelo mundo que ao chegar ao Brasil, a fórmula inovadora de Bernbach rendeu peças impagáveis e inteligentes em TV, jornais e revistas, puxando até para os lados dos parentes que vieram durante os anos. Não há quem não esqueça deste bom humor evidente na publicidade do Fusca nos dois períodos de fabricação no país (1959-1986 e 1993-1996). E é desta forma que A BOINA escolheu para homenagear este pequeno que corre o mundo cheio de histórias e que enche os olhos deste jornalista de emoção. Afinal, Fusca é Fusca e estamos conversados.
Vamos, então, a uma breve seleção com algumas das peças mais impagáveis para TV sobre o amado Fusca no Brasil. Para quem tem tempo, vale a pena ver, recordar, rir e se inspirar. Aos mais apaixonados, chorar também vale…
Estes e outros comerciais estão na conta de Samuel Martins, no YouTube. Vale a pena mergulhar mais a fundo neste e em outras tantas histórias…
E vamos la!
– O bom soldado da polícia de São Paulo:
– Aquela máxima do pequeno por fora, grande por dentro começou ai…
– Nem todos são afortunados em ter um carro com refrigeração a ar… Ajude você também!
– A escolha certa do Sr. Almeida…
– Exagero? Onde?
– Uma brincadeira de criança…
– A ciranda da venda nunca para com o Fusca…
– Vende o Fusca, tio?
– Regador de água para o motor? Gentileza para os outros, que não tem a sorte de ter um motor refrigerado a ar:
– Carro de corrida? Para que? Vamos simplificar!:
– Ele é o sinônimo do sucesso entre a garotada!
– Tem quem não aprende a lição… Fazer o que…
– Mulher pede Fusca emprestado para o marido… E ai?
– Que o Fusca dura, todo mundo sabe… Bem, até um certo ponto, claro…
– Eis um tigre no Fusca… Propaganda das mudanças do novo Fusca, especialmente o motor 1300, em 1967
– Entre as novidades… o infame teto solar. De piada a item raríssimo, perseguido entre os colecionadores.
– E olha ai… Eis Regina Duarte no comando… Comando? Tem certeza?
– No tempo do Fusca, a lei de pedir carro emprestado invertia. Lei do Fuscão (1500)
– Levar titia no aeroporto? Seeeeei…
– Com o Fuscão… Do pai ao filho, todo mundo tem a mesma idade…
– Nos tempos das obras faraônicas, apenas ele tinha peito para enfrentar a Transamazônica
– É só mamãe virar as costas e…
– O bom besouro e seus parentes em 1973
– A linha 1975, como ter dinheiro em casa…
– Vai rindo do vizinho, vai…
– A felicidade cabe dentro dele… simples!
– Carinho sem fim…
– Na dura realidade do Trans-Chaco, no Paraguai. Três Fuscas brasileiros entre os seis primeiros
– E no Rally Volta da América, também… 29 mil Km, 10 países em 39 dias
– O preferido dos frotistas há muito tempo…
– Não é preciso muito pra advinhar, não?
– A chegada do VW-Diagnose no Brasil, em 1974, auto-intitulada a assistência técnica do futuro. Estrelando como mecânico o super Francisco Milani.
– O craque da estrada…
– O Fusca chega, meu filho!
– Não usou peças originais? Olha só, seu ser cruel!
– Cante junto que vale!
– Um filho que não foge a luta
– O melhor substituto para o Fusca? E tem?
André,
FUKA >>.Fuka. Um carro que já está eternizado.
Mesmo quem não teve ou dirigiu um, têm um apreço especial por este carro, e pasme teve ideias do Hitler pra a guerra.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história.