Pomerode, quem é você?

Nesta terça-feira última (21/01), a cidade mais alemã das Américas estourou fogos silenciosos, rodopiou os vestidos das fridas e bateu canecos de chopp no ar com sorrisos pouco habituais nos rostos germânicos: Foi dia de festa, de celebrar a auto-determinação do município, seus 61 anos de emancipação política, nome pomposo para dar de sinônimo para “aniversário”.

Esta Pomerode de hoje até hoje me é um choque dos grandes: uma cidade que chega ao novo ano esbanjando uma jovialidade e uma receptividade totalmente sem precedentes ao que se pode comparar há alguns anos atrás. A transformação da cidade é visível a olho nu, se não pelos visitantes, muito mais pelos moradores de cidades vizinhas que não tem como não negar: algo diferente e muito bom aconteceu por lá.

(Reprodução)

Desde os idos de 1863, a região sempre mostrou uma destacada vocação agroindustrial invejável, com sua população formada majoritariamente por descendentes de alemães vindos da Pomerânia dedicando-se quase que religiosamente ao trabalho dia e noite, nas lavouras e fabriquetas, nos campos ou oficinas, tirando o sagrado tempo para o lazer tradicional, entre kerbs, jogos típicos e grandes banquetes.

Era uma vida fechada, feliz mas fechada. Pomerode era assim vista por quem cruzava os olhos. Não é mentira dizer que, há algum tempo atrás, Pomerode era vista como a mais “carrancuda” das cidades do Vale. A sensação de isolamento e fechamento de sua gente, o que não era natural mas consequência do modo de criação, era o que mais espantava. Os relatos impressionavam e a simpatia da cidade se mantinha numa clausura de timidez e respostas diretas aos seus visitantes, ora espantados com a beleza e simplicidade ou espantados com aquele jeito fechado estanho e nada seu.

(Reprodução)

No entanto, vivendo um ano e meio no Médio Vale e acompanhando meio de perto essa metamorfose, não tenho como esconder na minha expressão um sorriso emocionado direto no coração dos pomerodenses. Simplesmente, a cidade mais alemã do Brasil perdeu a carranca, sorri com mais facilidade e abre suas portas chamando o turismo para conhece-la nas suas mais marcantes e curiosas heranças dos pomeranos. Reflexos impossíveis de se negar nos eventos que recheiam seu calendário ano a ano.

Se existe ainda alguma carranca perdida nessas novas cores que Pomerode tem adotado, ela está escondida em alguma filosofia política perdida em algum caneco de chopp ou em algum strudel da tarde. O trabalho intenso dos órgãos de turismo e eventos da cidade praticamente viraram o jogo e transformaram a imagem fechada num acolhimento que vai muito além do simples fato de “estar em Pomerode”. Você não entra mais na ponta dos pés, mas ávido de curiosidade de estar imerso nessa tradição que emana em cada esquina.

(Reprodução)

Zoo Pomerode, Teatro, Schornstein, Festival Gastronômico, Festa Pomerana, Pomerlamm, Osterfest e Weihnachtsfest, as feiras de artesanato, o turismo rural, o Museu do Automóvel e tantas outras atividades que mexem a cidade e que impressionam, convidam, encantam. É a perfeita mescla de tradição e cor que transforma a cidade a cada evento, como se Pomerode pedisse para recuperar o tempo perdido ávidamente, convidando a ser visitada e desvendada sem medos.

Chegar aos 61 com uma juventude recém-descoberta é trabalho pra pouquíssimas cidades nesse estado. E Pomerode, do alto de sua experiência e força, pode se orgulhar muito. Não são só os pomerodenses que a querem bem, mas cada um que entra, lhe conhece e leva nos olhos uma lembrança no coração em enxaimel que bate no peito.

Esta é Pomerode, a jovem Pomerode que, hoje, sorri sem medo.


BONUS: Uma volta à 1991, o Globo Rural e a patrulha mecanizada da Prefeitura de Pomerode:

Deixe uma resposta