É difícil pensar em colocar alguma palavra lógica em um texto falando sobre a inépcia governamental que o Brasil sofre. E nestes últimos dias, diante de um bombardeio de ignorâncias tanto dele quanto dos seus defensores (cobertos de ignorância diante da situação) só tenho um único termo a definir o país e seu governo: estamos num “Boeing sem piloto”.
Em poucas semanas – e isto só é negado por quem acredita no conto da carochinha – Jair Bolsonaro conseguiu fazer de sua imagem o exemplo do atrapalhe diante das ações necessárias e urgentes que o novo coronavírus exige. Enquanto governadores, em atos que beiram um necessário desespero, pedem diálogo e respaldo, o presidente minimiza, arrisca a vida própria e de milhões em manifestação, aplica medidas a bel prazer para revogar depois, o verdadeiro “escambau”.
Difícil de engolir? Engula e durma com esse barulho! Sabe aquela sensação ruim e pesada de olhar uma matéria voltada a uma fala do presidente e já imaginar que “la vem merda”? É difícil separar uma coisa da outra. Num momento em que você espera um líder conciliador e antenado com o que ocorre no mundo, coisa de qualquer ser humano adulto e racional, você vê um homem preocupado com cifras econômicas, fazendo declarações que satisfaçam sua maré de iletrados e colocando sua pessoa própria como a imagem do descaso diante do que milhões de brasileiros sofrem: os doentes e os trabalhadores.
A imprensa, rotineiramente é rotulada de “transmissor da desgraça”, logo ela que toma as maiores pancadas da linha de frente das informações por dar notícias que jamais imaginaria dar, mas necessárias. Os profissionais de saúde sabiamente preferem ouvir, mesmo nas suas relações arranhadas, as autoridades estaduais e municipais quando o assunto é “para onde correr” diante de tudo.
Neste turbilhão, o último baluarte de lucidez governamental recai sobre governadores e prefeitos, estes agora também vitimas da minimização ferina de Bolsonaro, que ainda acredita da história da “gripezinha” sendo ele mesmo um possível transmissor. Há quem diga, talvez permeado pela política eleitoral de 2020, que estão “fazendo politicagem”, mas não é só isso. Na falta do piloto do Boeing, é como se os comissários de bordo fossem praticamente intimados para não deixar o avião cair de vez diante do Covid-19. E isto que não falei de Mandetta, o único que parece são diante da corte bolsonarista do governo, já preparando o porvir por mais dolorido que seja.
Seus condiscípulos choramingam as perdas com o egoísmo maior do mundo plantado em suas mentes hipócritas de empresários visando o lucro em detrimento da saúde de empregados e fiéis. Isso mesmo, fiéis! Silas Malafaia faz chacota das autoridades jurídicas diante da determinação de evitar aglomerações, o mesmo faz Luciano Hang, minimizando e desaforando autoridades por conta do fechamento de suas lojas, sem querer perder um níquel furado de seus rendimentos.
Quando Trump, lá de cima da América, berrou dizendo que a hidroxicloriquina e a cloriquina “eram eficazes”, como ele sendo o doutor em química e farmacologia, Bolsonaro pulou da cadeira achando que tinha a cura na mão. Tolo foi quem acreditou na espevitada do empresário-presidente americano: o medicamento carece de testes para comprovar de fato sua eficácia, mas a palavra do dito líder em busca de um remédio para ter de volta seus trabalhadores martelando fez com que quem precisasse do remédio já sentisse falta dele nas farmácias, levados por uma horda tal qual iletrada que busca uma saída a qualquer custo e qualquer palavra.
Diante disso tudo, e nós, brasileiros sãos de mente e sabedores do risco que corremos no momento, pra onde vamos? Não dá pra tapar os ouvidos nem fechar os olhos diante das sandices do suposto líder da nação. Mas dá pra ignorar, procurar o contato virtual com os amigos e parentes, se cuidar e seguir a cartilha da consciência a todo custo. É uma guerra que todo mundo (alguns mais, outros menos) tem que enfrentar junto, com ou sem um líder, aplaudindo e cobrando a mão necessária a quem está na primeira trincheira da guerra: nos hospitais, estradas, imprensa, por ai…
Eu sei que virão amigos queridos meus dizerem que estou errado, que sou “comunista” e que quero o “mal para nossa pátria”. As atitudes de Bolsonaro, no então, não são de um militar dito patriota, mas de um ignorante, um cego diante do poder que lhe foi concedido a base de falsidades virtuais. Desculpem-me, amigos e amigas, mas vocês precisam ouvir mesmo que me excluam das redes de contato.
Enfim… vamos respirar e fazer o nosso. É hora de deixar a política de lado e agir como gente sã que sabe o que acontece ao seu redor. Quem agoniado está pra sair da quarentena, que saiba que só seguindo as rotinas preventivas, ficando em casa e não caindo na lorota alarmista das fake news e que apressará o fim deste pesadelo que parece sem final. Ele tem, basta cada um fazer o seu.
Fazer o seu… e ignorar o presidente. O dito piloto do Boeing. A ele, um conselho: muito ajuda quem não atrapalha.
Obrigado, de nada.