Escrever, ler, entender (quem?)

Vai escrever sobre o que dessa vez?

E se escrever, alguém vai ler?

E se ler, a pessoa vai entender?

Lemos pouco, em grande parte incentivados por esta cultura de absorver apenas o que o titulo diz, ou movidos apenas por uma foto que chame atenção mais do que a reflexão, quase sempre frases de outra pessoa e não seu pensamento.

Copiar pensamentos… coisa feia, sabe? Mais da metade é só para ilustrar e chamar olhos que vão acreditar que é o que você pensa. Se pensamento fosse roupa, Caio Fernando Abreu viveria pelado a vida toda.

Escrever é pratica, é insistir consigo e colocar em letras percepções de lugares, fatos e pessoas que ninguém além de você as tem. E nem sempre a escrita vem, soa comum demais, simplista demais, ela tem que arrebatar, se possível verter lágrimas de quem a lê.

Podia rasgar o cetim da coroa da festa passada até machucar em letras, matar borboletas com dentes de saudade ou verter verônicas sobre a chuva, contar do passado como um saudosista compulsivo… a escrita vai da beleza a raiva muito rápido, mas poucos percebem.

Quantos lerão estas linhas? Muito menos do que pensas, praticamente ninguém. Somos uma cultura que quase não lê, ou lê demais sem absorver a mensagem profundamente.

E assim que sempre me pergunto: vou escrever sobre o que dessa vez?

E se escrever, alguém vai ler?

E se ler, a pessoa vai entender?

Acho que devia parar de escrever… e consigo?

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