Responsabilidade: entre jornalismo e aviação

Aviação: um mundo que aprecio demais. Se não o curtia tanto antes, hoje confesso que alguma coisa já andei assimilando com o tempo, ainda mais quando você tem o primeiro contato com o voo comercial propriamente dito como fora nestes últimos tempos, entre os bancos de Airbus e Boeing que passei e entre os saguões de Navegantes e Congonhas que frequentei nas últimas idas a São Paulo.

Na minha rede de conteúdos digitais, entre YouTube e Instagram, sempre tenho comigo o conteúdo certo de dois caras que tomo como referencia nesta seara: Lito Sousa, do “Aviões e Musicas” e com um cabedal enorme de experiência dos tempos de mecânico e entusiasta deste mundo que ele nos ensina a gostar; e o Gianfranco “Panda” Beting (sim, filho do Joelmir, irmão do Mauro), spotter experiente e uma instituição em matéria de asas, voos e histórias deste campo.

Olhando por alto, já pode deduzir o leitor que, por ter afinidade com o que se refere a aviação, me abastecer com conteúdo que enriquece discussões e rodas de conversa sobre aviões e afins é algo que necessito e aprecio muito. Torna mais assertivo até mesmo escrever sobre, evitando ser espevitado, navegar na dita ansiedade por informações que desrespeitam os processos, sobretudo de investigação, em nome do ineditismo e do caça-cliques.

E vou ser direto: tenho evitado ler de muitos dos grandes veículos de imprensa os tristes detalhes e histórias referentes a tragédia em Vinhedo. Talvez esteja revestido de alguma insensibilidade, mas neste momento de comoção a procura por qualquer detalhe ou história que “fuja do respeito” é o que vem predominando, inclusive com a velha verve de ignorar detalhes, especialistas e crucificar um aparelho como o ATR, um turboélice de comprovada segurança e eficiência.

Uma situação como esta, acontecendo no país depois de mais de uma década e com este boom de informações nas redes sociais diferente do que fora o 3054 em 2007, revela ainda mais a pressa em detrimento da precisão da informação. O básico não falha mas o impreciso, por pura falta de pesquisa e conhecimento, toma conta de notícias e redações para, justamente, se antecipar alucinantemente ao bom trabalho do Cenipa nestas situações pesadas e tristes.

Já se foi o tempo que a acidente aéreo era tratado com sensacionalismo e achismos, é fato. No entanto, é uma constatação que ainda não chegou nas redações deste país. E enquanto o jornalismo não investigar verdadeiramente e se basear em achismos e superficialidade neste tipo de informação vamos continuar errando o básico, fomentando o “qualquer coisa” em troca de curtidas e distorções ditas como verdade.

Responsabilidade não passa apenas no cockpit de qualquer avião acima de nossas cabeças, mas nas linhas de um jornalista responsável que se guia pelo correto. A imprensa e a aviação, esta última um exemplo de aperfeiçoamento e segurança plena, agradecem.

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