Quando morava em Timbó, costumava reservar os fins de tarde para caminhadas. Saia por volta das 16h da sede da PG2 para circular pelo Centro e arredores, arejar a mente e aproveitar esta espécie de “movimento sossegado” da cidade naquele período da tarde, quando tudo encaminhava-se para o rush final.
Em vezes, meu rumo era em direção a Rua Oscar Piske, aproveitando aquele trecho mais vazio de construções. A caminho dela, passava pela Rua Japão, outro daqueles pontos onde a região central timboense encontrava alguma tranquilidade, porém uma tranquilidade que, certamente, seria quebrada com o constante evoluir de construções e empreendimentos em busca de espaço para surgir ou expandir.
Antes disto ainda, ouvia de rabo de ouvido as falas do colega de informação Carlos Henrique, quando falava sobre esta maneira planejada de Timbó procurar expandir-se em seu território, citando como exemplo a própria Câmara de Vereadores. Outrora questionada a construção em um ponto tão longínquo do Centro, a ideia foi por fim compreendida: por um lado, se pensava em para onde a cidade estaria crescendo, abrindo espaço para novos projetos sem comprometer quesitos como o trânsito e até a qualidade de vida.
Ok, pensamentos de seis anos atrás. Já faz bom tempo, claro, e de lá para cá aconteceu exatamente o que estamos vendo nas viradas de esquinas da Pérola. Voltando à Rua Japão, antes tão calma e vazia de tudo, o espaço talvez seja este exemplo tão evidente de uma cidade que está assentando-se em espaços novos ou reinventando locais corriqueiramente ocupados cada vez mais. As transformações em pequenos espaços centrais não são nada perto do que brota naquela reta agora movimentada, ponteada de comércio e iniciativas.
A frase tão repetidamente cunhada pelo colega de A CIDADE, Betto Barreto, nunca fez tanto sentido: “Timbó Tem”. E tem ainda espaço para crescer? Evidente! As construções levantam-se nos mais variados espaços, perto ou mais distante do Centro, com algum olhar mais visionário para o que estará em volta dela depois de mais alguns anos. Do alto de um edifício qualquer na região do bairro das Capitais, já permeado por condomínios – outra visível prova desta expansão – pode-se ver outros residenciais subindo, em grande número.
Procura-se Timbó para não apenas empreender, mas empreender com uma qualidade de vida que o Vale como um todo não está mais entregando como antes. Esperado, normal pela roda do progresso, mas um tanto assustador. Seria mesmo a Pérola tornando-se uma cidade “mais grande” e perdendo, sem querer, o ar de pacata e tranquila que tantos sonham?
Ainda não fazemos ideia, mas a evolução é constante e a cara não é mais a mesma de seis anos atrás. Espera-se que a cálida paz de fins de dia tranquilos da Pérola do Vale não se perca na selva de pedra que nasce nela. Que a sombra de uma outrora vazia Rua Japão não seja uma saudade para quem caminhar por lá e não encontrar mais jardins e cidadãos dizendo “boa tarde” das varandas. Sonhamos com isso ainda.
São seis anos, que mudanças!