Há algum tempo, quando ainda tínhamos por volta de 1.100 mortos, A BOINA fez uma soma envolvendo cinco grandes tragédias brasileiras. Já era dolorido pensar que perdíamos, em pouco tempo, o equivalente a isto.
Mas o tempo passa, e por mais que ansiamos a vacina ao nosso caminho, é difícil engolir que ainda estamos longe do ideal, e tudo isto entre a ignorância e burrice (pura e simples) de todos que deveriam cuidar, ordenar e pensar com a ciência embaixo do braço.
Há tempos perdi a paciência com “bozos”, com os negacionistas de todo tempo, com a horda de lambedores de bota que ignora o perigo e vive alucinantemente sem pensar no encontro com o bichinho. Menosprezar a ciência e o SUS, os verdadeiros heróis desta contenda, virou passatempo, prova de “inteligência” regada a motocas nas ruas, risadas cadavéricas e cusparadas a mim e tantos colegas que insistimos, teimosamente, em dizer a verdade (ao menos, os sem interesses escusos).
Bater 500 mil prantos, famílias enlutadas e “avisamos” previstos era certeiro. Continuamos falhando, ao escolher vacina como um sommelier, ao ignorar a proteção, ao fingir que a realidade está sendo “manipulada” pelos “esquerdistas”, a tudo que emane o odor pútrido do negacionismo acéfalo.
E aqui não está só incluso quem esquenta entre flatulências o assento em Brasília, mas sobretudo quem desdenha e não previne, ignora uma ampola que ajuda em troca do medicamento que não funciona, da verborragia eterna da normalidade verde-e-amarela.
O placar, no entanto, segue rolando e rodando. O indefensável segue suas voltinhas e psicopatias sociais, e você faz o que para escapar do perigo… e não digo só do coronavírus, mas do mal da ignorância?