A pesquisa por história nos faz, vez em quando, respingar por caminhos diversos e fascinantes. Não vou mentir que muito do que aprendi e aprendo tem a ver com estas pesquisas casuais em sites, vídeos, documentos e por ai afora. Ultimamente, mexido pelas lembranças da EFSC e as ultimas notícias vindas de Apiúna, estive metido pelo mundo ferroviário, algo que no Brasil é um dos mais ricos conteúdos de história do país, bem como divide-se entre a proteção por pessoas abnegadas e o descaso das autoridades.
Certa feita, nestes mergulhos sobre a história ferroviária brasileira, estacionado nas lembranças da antiga Companha Brasileira de Cimento Portland Perus, acabei caindo de cabeça num projeto que tem uma missão difícil, mas está a cumprindo de uma forma única e um tanto poética no campo da pesquisa. Um multimídia no mundo das artes gráficas e apaixonado por história ferroviária resolveu encampar a tarefa hercúlea de mapear as mais de cinco mil estações ferroviárias brasileiras, desde as demolidas até as existentes, abandonadas ou ativas: Eis o projeto Estações Brasileiras.
Entusiastas sobre o passado ferroviário brasileiro são vários pela internet, e felizmente eles existem. Mas o que chama a atenção neste projeto conduzido por Marcelo Tomaz – cartunista, ilustrador, diretor de arte, designer e colunista – é a forma como a história é remontada. Segundo os dados do site, o projeto já visitou estações em cinco estados brasileiros, partindo de São Paulo e segundo por Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso do Sul.
É um número modesto de estações visitadas se comparado com as mais de cinco mil a serem catalogadas, mas nas visitas registradas no canal do projeto no YouTube já se dá conta das surpresas encontradas. Nos primeiros filmes, as visitas são contadas de forma poética, registrando em imagens e frases impactantes as sensações de Tomaz e sua equipe: revolta pelo abandono, encanto pela conservação e, infelizmente em poucos casos, o fascínio pelo resgate e utilidade dos dias atuais.
E não é difícil entender as sensações de Tomaz a cada visita. Quem conhece e gosta de pesquisar história sabre que são raríssimos os casos em que o passado ferroviário é preservado para o futuro, seja como uma estação de trens turísticos ou com outras funções nobres. Outras tantas estações seguiram destinos diferentes. Algumas servem de moradia, outras estão dentro de grandes fazendas e sua acessibilidade é, ora fácil ora complicada. Algumas outras acabaram abandonadas no meio do nada e outras desapareceram no mapa, restando apenas alguns escombros. Nada que Marcelo, obstinado, não documente com sua câmera e sensibilidade.
O projeto parte como base de pesquisa pelo site Estações Ferroviárias do Brasil, de responsabilidade do pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, talvez o mais completo dos registros ferroviários do país, constando também entre eles os caminhos da saudosa EFSC, com todas as estações da estada de ferro, de Itajaí a São João (Agrolândia). O catálogo do site de Giesbrecht tem estações de 22 estados, mostrando o tamanho da missão de Tomaz, que apenas está começando e exige muita pesquisa, lábia para conseguir acessos, dinheiro e viagens.
No entanto, alguém (ou alguns) tinham de se botar em marcha atrás desta história. Desde o fim da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), em 1999, o patrimônio ferroviário brasileiro, já esquecido, ficou ainda mais prejudicado, ainda mais com a negligência das concessionárias privadas que assumiram trechos da antiga rede. Alguns traçados ainda funcionam enquanto outros foram desativados num país onde o transporte sobre trilhos seria uma grande solução no deslocamento de cargas e passageiros, mas ainda tratado como um modelo ultrapassado, difícil e motivador de brigas políticas.
A riqueza desta história é gigante e só aqui no Vale já temos bons exemplos além dos trazidos por Tomaz. No caso de São Paulo e Minas, por exemplo, encontrar estações (ou restos) no meio de plantações e fazendas, onde não existe praticamente nada em volta era o exemplo de como a parada de um trem era necessária para o escoamento da produção agrícola (leia-se café, na sua maioria) que movimentava a economia do país e era, por vezes, um acontecimento nos vilarejos onde uma estação era aberta.
Um exemplo deste isolamento atual pode ser usado como exemplo: a estação Tajá, explorada pela equipe em dezembro de 2013, num trabalho que exigiu caminhadas longas e uma perigosa travessia de um viaduto no meio da mata. O prédio estava localizado em Águas da Prata (SP), próximo a divisa do município paulista com a cidade mineira de Poços de Caldas, construído pela antiga Cia. Mogiana. E o detalhe: a estação foi demolida, o que poderia ser frustrante para qualquer expedição, menos para a de Tomaz.
Antes de deixar o site, me perguntei por alto se Tomaz e seus marujos desembarcariam algum dia em Santa Catarina, para explorar nossa história ferroviária, especialmente (e claro) a da EFSC. A BOINA se prontificou e enviou a ele um e-mail fazendo esta pergunta e, tão logo tendo a resposta, estará aqui publicada aos amigos, inclusive perguntando novidades, já que fazem cinco meses que não aparecem videos novos no site.
Enquanto isto, para quem interessa-se pela história – sobretudo a ferroviária – vale e muito a pena se perder nos caminhos do Estações Brasileiras e das estações que revelam um passado distante, por vezes abandonado, mas felizmente rememorado com justiça.
Vamos lá: youtube.com/user/ESTACOESBRASILEIRAS/videos , facebook.com/estacoesbrasileiras e www.estacoesbrasileiras.com.br
Consegui visitar por um lance de muita sorte a fazenda sao jose em santa rita do passa quatro, fiquei durante 3 horas conversando e fazendo um tour com o administrador da epoca, ele me mostrou tudo e me explicou o porque de nao poder deixar tirar fotos do local, mas se interessar tenho uma grande contribuicao sobre como e la depois da cancela. Meu fone 19-989952967.