Pedra e vidraça

…e o mundinho virtual das curtidas produz outro pseudo-filósofo que, em nome da notoriedade e da panca de “intelectual”, chama a conterrâneos dele próprio, a mim mesmo e a tantos outros – blumenauenses e turistas – de “nazistas” compulsoriamente ao mostrar a própria pequenez intelectual nas redes.

Postura podre, mimada e acéfala, tendo como base apenas uma xenofobia mascarada em palavras rebuscadas que enganam qualquer intelectual de frase-pronta com seus impropérios. É ofensa gratuita, passa por cima de qualquer sanidade mental, agride sem ler, ao menos, um livro de história básico de sexto ano ginasial.

Justo penso eu, como pesquisador da história e jornalista FORMADO, aproveitando-se de uma definição cunhada pela colega de pesquisas Angelina Wittmann: “pesquisamos justamente para entender o passado, a formação de um povo dentro do fenômeno da imigração, costumes, progresso e, inclusive, descaminhos. E tudo isto para estar a mão de quem nos queira estudar e entender.

Atitudes assim, exemplarmente, devem ser punidas com rigor e devidamente canceladas. Não deveriam – embora o fazem sem a devida correção dos provedores das redes – ser parte do conteúdo dito “assistível” que tanto se propaga a cada clique. Não é novo, é mais uma de tantas falácias de ódio, preconceito tendo a “liberdade de expressão” como bengala para a violência virtual.

Só que, ao mesmo tempo que é desprezível, abre uma espécie de “dica” para nós mesmos numa reflexão mais crua e necessária: sobre analisar nossa própria postura no relacionamento com quem vem de longe para, aqui, fazer morada e prosperar entre nós, dentro das oportunidades que o dia-a-dia promove no sul do Brasil.

A pejoração corriqueira que também nós escorregamos vez em quando (ou vez em “sempre”) em matéria de termologias e distinções antiquadas não pode ser normalizada e mascarada como “diferenças” entre nascidos aqui e vindos para cá em busca de um novo começo. O exemplo também vem de nós mesmos, na compreensão que o turista também pode vir a ser morador de nosso próprio rincão, buscar a prosperidade tanto quanto nós dentro dos seus costumes e modos.

Até onde sei, afinal, somos parte do Brasil. E tão plural e diverso somos mesmo a custa da incompreensão de alguns retrógrados que trafegam pelas nossas esquinas dia a dia. A discriminação e as pejorações arcaicas não devem fazer parte do nosso dicionário diário e devem ser, na base, a resposta perfeita a rebeldes sem causa como este cidadão em seu ataque de ódio.

No mais, não se deve JAMAIS aceitar a agressão pequena e gratuita de quem aponta o dedo em busca da legitimidade das distorções que propaga. Combate-la é preciso, mas sempre tomando como exemplo de que a agressão verbal também pode nascer de preconceitos antigos que o sul ainda tem em si. É de exemplos que se fazem as melhores respostas a isto, e nisto é que precisamos mirar e não acusar sem melhorar a nós mesmos.

Ou seja: a velha lógica da pedra e da vidraça. Tem quem se ache na posição de atacar sem ser impedido mas pode ser também vitima da pedrada cruel quando está em destaque.

Ou será que esquecemos, neste mesmo exemplo reprovável, daquele casal de Pomerode e suas definições cheias de bobagens e xenofobia?

Sem mais.

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