(Mensagem escrita pela agencia McCann-Erickson, atual WMcCann, no Natal de 1972, lida por Hélio Ribeiro no seu programa Correspondente Musical, pela Rádio Bandeirantes)
Papai Noel está morrendo…
Cada ano que passa, ele morre mais um pouquinho.
Muita gente nem se lembra mais dele, muita gente pode até achar bobagem falar nele.
Onde já se viu um mundo onde as pessoas são cada vez mais racionais, mais apressadas e donas da verdade ao quem ter um pouquinho de ilusão?
Papai Noel está morrendo. E se a gente não fizer alguma coisa, ele acaba morrendo de uma vez.
E vai ser uma pena, por tudo que ele representa e que pode ir morrendo também: compreensão, boa vontade, esperança, fraternidade e amor.
Sabe, todo bom sujeito tem um pouco de Papai Noel. Todo bom sujeito é capaz de fazer alguém feliz.
Aqui entre nós, o que este mundo precisa é de bons sujeitos para que haja mais gente feliz.
Você, que é um bom sujeito, não deixe Papai Noel morrer.
Mensagem antiga, talvez emanando a velha ilusão do bom velhinho que, a cada noite de Natal e em cada canto do mundo, desce uma hipotética chaminé para entregar presentes.
Ilusão, fantasia que, na infância, a gente sabe que a criança vai descobrir a verdade quando cansar da brincadeira, embora ela tenha cansado disso cada vez mais cedo.
Todos nós, de alguma forma, estamos se cansando disso cada vez mais cedo e não digo apenas do Papai Noel, até porque quem tem fé em alguma matriz religiosa talvez me crucifique por falar dele.
Mas, a intenção não é falar de um foco em si, como a fé ou o Papai Noel, mas a fantasia, aquele lado pimpão, pueril e poético que ainda temos em algum lugar quando chega o Natal.
Tem quem odeie, vire a cara e espere a data passar contando os minutos, movido pelo peso de lembranças boas e mortas na partida dos ausentes queridos. Mas será só esse o motivo para matar essa fantasia dessa época?
Pra alguns, tudo é instagramável, feito uma tela fria nas redes sociais de todo dia. O que vale é compartilhar curtidas e aumentar sua visibilidade no mundo virtualizado que vivemos. Mas só apenas isso faz perder a fantasia dessa época?
Outros tantos já estão tão desgostosos e entediados que mataram até a inocência de uma brincadeira de Amigo Secreto, por vezes mataram as reuniões familiares e entre amigos com temas duros e divisíveis de pessoas, como a política odiosa e as fake news.
Mas tudo isso é suficiente para matar a fantasia do Natal? Por que temos que ser tão duramente secos, frios, depressivos, niilistas com este sentimento?
Esta mensagem incidental foi escrita pelos publicitários da McCann-Erickson (WMcCann) há 51 anos atrás, e soa tão atual como outrora. Mas o peso desse recado não deve cair por terra. Sobretudo em você que vai reunir os seus, trocar presentes e dar abraços desejando o melhor.
Todos os anos temos a chance de reviver a fantasia inocente e brincalhona do Natal. Aquela que nos faz mais leves, que deixa a gente refletir com a cara mais sorridente e recordar não com o peso da perda, mas com a certeza que novas memórias vão surgir desta noite e em cada noite de Natal de nossas vidas.
Você tem essa chance! Todos nós temos. Desliga a tela do celular depois das mensagens, olhe em volta para os seus ou para quem lhe é especial, sorria e seja o elo que ainda resta da pura fantasia de um Natal feliz, como os tempos de ontem, como os tempos de hoje e sempre.
Você, que é um bom sujeito, não deixe Papai Noel morrer.
Você, que é um bom sujeito, não deixe o Natal morrer.
Você, amigo, amiga, vamos fazer um Feliz Natal, de fato e direito, para hoje, amanhã e sempre.
Pode ser?