…os pais da gente precisam sorrir mais!
O seu pai já contou que, no passado, tudo era mais difícil? O meu, por vezes, repetia a fita dos tempos em que, em uma numerosa família de Botuverá, trabalhava cedo e muito para ajudar a garantir que a casa em que moravam tivesse o mínimo para sobreviver e ter, na medida do possível, uma vida feliz.
Parece exagero e insistência, mas qual o pai que não lembra que tudo na vida não vem fácil? Nunca vi pai algum entregar a ilusão da vida fácil a não ser aqueles que, por seguiram uma linhagem de berço de ouro, gozaram das facilidades de boas condições e contas polpudas. Mas a maioria acachapante de pais desse país, criados em tempos erráticos e versados no trabalho, são claros e diretos: a vida pode ser bonita, mas também dura e injusta.
O velho Mário, nascido nos interiores de uma Botuverá que nem cidade ainda o era, forjou-se lavrador e tratorista cedo demais para compreender a vida em volta. O lado idílico de uma cidade interiorana como aquela talvez não permitisse distração melhor do que algum bailinho perdido em tempos de folga. Uma época recordada a exaustão como mais inocente e simples, mas tão dura e movimentada quanto.
Há, nisso tudo, lições que um pai pode passar em meio as saudades: o valor ao trabalho, o lado reto das coisas, o bem e a garra para vencer mesmo em dias tão difíceis mesmo cercados nós do conforto que eles, muitas vezes, não tinham.
O pai ainda tem autoridade para lhe dizer de coisas que sempre farão sentido dado aonde ele caminhou no passado. É preciso valorar, captar ensinamentos e usa-los na prova da vida, as vezes com o mesmo olhar duro e racional nos momentos necessários, aquele que ele nos ensinou a ter quando preciso.
Largue o ego e a presunção de lado e lute. Teu pai jamais deixou de lutar pela sua família e não é você vai deixar de lutar por ti, por tseus pais, futura família e o que vier.
Nossos pais precisam sorrir mais, e é na lição que seguimos que arrancamos o sorriso velho desta face cansada mas que merece nosso carinho, atenção e paciência. A obra deles segue em nossa mão, como a enxada e o chapéu batido que usavam.
Dedicado ao meu pai
Gratidão, velho Mário!