Reclamões!

A gente reclama muito, sabia?

Reclamamos do outro, do lugar, do riso e da descontração. Reclama-se de acordar ou de tentar dormir. A gente vira a vida como um balcão de reclamações, onde tudo não funciona como o padrão que criamos em nós mesmos.

Reclama com justiça de reclamar, mas já se encheu de tanta justiça e certeza que reclama como um esporte, um hábito na busca de apontar e dizer, como dono do manual de instruções da vida: “eu reclamo porque você tem que mudar” ou “reclamo porque não pode ser assim”, diante de um riso solto.

Andar por ai sem ouvir uma denuncia de algum paladino do comportamento social virou um trafegar em ovos, quase uma granja. É justo reclamar pelo certo contra o errado, mas transformar a reclamação em arma branca para ferir sentimentos, características próprias e o clima de um dia… isso deveria ser um crime hediondo, passível de perder a língua ferina.

É por reclamar movido pelo seu próprio egoísmo que matamos coisas simples, gente simples e de jeito único e que só quer, como o mundo a nossa volta, viver assoviando, sorrindo e fazendo algo bonito para outros tantos sorrirem com ela. É saber separar reclames onde mora o agir com sabedoria e respeito de fato, e não com a ignorância paquidérmica que tantos se movem em busca da razão contra a felicidade, sua e de outro.

Não sei se você pratica isso, e não sei nem se eu mesmo pratico isso com a seriedade que se pede: o silêncio. Me calo e deixo falar, babar em raiva como um cão latindo a esmo. Eu sei e você sabe quem sou e quem você é, o que o mundo é e o que faz verdadeiramente bem para os a sua volta. Quem tem essa consciência pode um dia reclamar de algo, mas nunca reclamar de um tudo.

Por que reclamamos tanto? Não cabe saber, apenas parar e observar. Nem sempre o reclame justifica. Apenas o torna um egoísta, um racional que vê o mundo por um padrão artificial e vazio, um enjoado reclamão de todo dia.

Silencie e observe, argumente e (claro) reclame quando a situação pedir. Mas cale-se quando sua reclamação agir como arma de morte.

O mundo merce menos reclamação egoísta e mais verdades humanas.

Cale-se, reclamão!

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