Ultimamente, tenho pisado pouco no Facebook, tentando viver a vida fora da sempre movimentada rede do tio Zuckerberg. Mas, em momentos, ela traz alguns preciosos achados que merecem até uma certa reflexão.
Este recorte ao lado foi extraído de um post do colega jornalista Vilmar Minozzo, da CBN Blumenau, compartilhado do grupo Metrozera, de torcedores do Metropolitano. Uma notícia do Jornal de Santa Catarina, datada de 2 de abril de 1981, falando a respeito do projeto do futuro Estádio Regional de Blumenau.
Pomposo nas linhas e colossal no tamanho (previa-se ser o maior do estado quando terminado, segundo a notícia), o empreendimento seria levantado numa região da BR-470, no Salto do Norte, e deveria ser concluído em dois anos (1983). Seria um palco perfeito para os tantos JASC que viriam, bem como uma casa espiritual para o ainda infantil Blumenau Esporte Clube, o BEC.
Hoje, diante ainda das dificuldades de se fazer futebol em Blumenau (ultimamente mais decepções do que alegrias), o que não teria sido um estádio deste porte, pertencente a municipalidade ou alguma empresa conveniada ao município, a disposição de nossos clubes?
Aguentar o aluguel sempre pesado das instalações tímidas do Complexo do Sesi tem sido, desde então, a realidade de Metropolitano e do próprio BEC, que sofrem para manter o pagamento em dia contando com a parcimônia de patrocinadores e a colaboração, ainda minguada, dos poucos torcedores que acreditam em dias melhores para o nobre esporte bretão em nossa terra.
A época deste projeto ousado, Renato Vianna vivia o primeiro mandato como prefeito municipal, iniciado em 1978. Um tempo em que pensar Blumenau para frente era ponto de honra para vivermos nosso futuro de uma forma verdadeiramente planejada. Não é a primeira vez que me deparo com projeto dessa magnitude para a cidade. Para quem não sabe, toda a região onde hoje se localiza o Parque Vila Germânica tinha todo um plano de ocupação que contemplaria muito mais do que os mimosos pavilhões da então Famosc (Feira de Amostras de Santa Catarina). Além do ginásio do Galegão, até mesmo um estádio de futebol era planejado para a área.
Houve, segundo populares, quem riu do então prefeito Carlos Curt Zadrozny, quando este se propôs a fazer da Rua 7 de Setembro uma via de quatro pistas (à época, duas de subida, duas de descida). Talvez, os que gargalharam mordam a língua diante do vai-e-vem de carros e ônibus nesta que é uma das principais artérias do trânsito na região central. Os tempos passaram, os projetos visionários se foram. Ficaram no papel ou são até hoje negados por uma dita e sempre repetida inviabilidade. A ligação Velha-Garcia é um exemplo clássico. Uma das tantas soluções para os problemas do infernal trânsito na região sul e que, mesmo tanto falada, até hoje segue no imaginário popular.
Resumo da ópera: O estádio virou miragem, Renato seria prefeito mais uma vez nos anos 90 e em 1983, em vez de bola, foi água e mais água que rolou na enchente mais violenta de todos os tempos da cidade-jardim.
Em algum momento, fomos visionários. Alguma coisa nos levou isso embora…
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