“Anita morena, da pele macia, amante de noite, soldado de dia. Um filho no braço, no outro um fuzil, um filho no braço, no outro um fuzil”.
Iniciar esse texto compartilhando o refrão da música ‘Anita Garibaldi’, de autoria da Marlene Pastro e Alcy Cheuiche me faz imaginar a força e coragem que essa mulher tinha. Mãe, revolucionária e a grande protagonista da Revolução Farroupilha.
Relembrando rapidamente o passado, a guerra dos Farrapos foi um movimento realizado pelo estado do Rio Grande do Sul, que tinha como objetivo demonstrar e manifestar a insatisfação dos gaúchos com o governo imperial do Brasil. Era um movimento de liberdade que ansiava pela autonomia política.
A Revolução Farroupilha teve alguns líderes que são lembrados na história até hoje como, por exemplo, Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi, mas nada se compara com a participação da catarinense Anita Garibaldi. Não é desmerecer a participação de nenhum farrapo, apenas exaltar a atuação de uma mulher que esteve em alguns combates e à frente do seu tempo.
Anita era amante da liberdade. Tinha caráter independente, era destemida e corajosa. Era chamada de “sangue do diabo”, pois fazia coisas que eram consideradas apenas para homens, como, por exemplo, andar a cavalo. Anita já nasceu revolucionária, ela conseguia se despontar num universo majoritariamente masculino. Adorava ouvir histórias sobre a liberdade do povo, política e independência, geralmente essas histórias eram contadas pelo seu tio, Antônio, o qual estimava muito.
Com toda essa sede de mudança ela participou de diversas batalhas não só no Brasil, mas também na Itália, ao lado do marido Giuseppe Garibaldi. Ela aprendeu a manejar espadas e armas de fogo e mesmo grávida não deixou de participar das pelejas que a fizeram entrar para a história. Anita não se conformava com os estereótipos caracterizados às mulheres da sua época. Era sonhadora, idealista e fiel às suas lutas.
Infelizmente pude conhecer a história desta mulher após entrar na faculdade quando ganhei um livro chamado: “Anita Garibaldi – Heroína de dois mundos”. Conforme o lia, sentia vergonha de mim mesma por não saber do seu legado. Depois de terminar a obra ficava me perguntando o motivo de nunca terem falado sobre ela nas aulas de história e sei que muitos catarinenses desconhecem sua trajetória. Claro, nunca é tarde para aprender.
Boa parte do que sabemos sobre Anita são memórias de Giuseppe, que sempre demonstrou uma grande admiração pela esposa. Ele fez questão de dividir essas lembranças com o mundo depois que Anita morreu em 1849, aos 27 anos. Os restos mortais dela estão sepultados na Coline de Gianicolo, em Roma.
Refletindo: acredito que ensinar e mostrar que as mulheres participaram da história do Brasil e do mundo é importantíssima. Talvez desta forma os alunos, meninos e meninas, percebam a importância da igualdade de gênero e possam se desfazer de preconceitos, afinal, não apenas homens lutaram nas guerras, não só homens fizeram e marcaram a história. Anita é uma das tantas personagens do Brasil que precisa ser preservada e valorizada. Ela é daqui, dessa terra catarinense.
Viva Anita Garibaldi, viva às mulheres! 🌻🌻