Antigamente: Teimosos blumenauenses em 1983, um registro de Ernesto Paglia

Nestes últimos tempos, afastado por vezes do blog por motivos profissionais, quase não sobra tempo para dedicar-me a uma das maiores paixões no mundo do jornalismo: a pesquisa histórica sobre Blumenau, passando por seus momentos clássicos, contos esquecidos e controvérsias ocultas. Tempo é o problema, admito, e o pouco que resta ainda é aproveitado para estender um pouco mais o descanso no fim do dia.

No entanto, quando bate uma brecha temporal e as ideias para A BOINA voltam a aflorar, sempre me sou surpreendido com alguma coisa que remete a velha sanha de conhecer mais sobre a cidade-natal e seu passado. E eis que, quando piscamos o olho e visitamos novamente o espaço Antigamente em Blumenau no Facebook somos brindados com algumas surpresas. Fora as imagens (que merecem um post especial com alguns clics em breve) uma preciosidade: uma matéria de Ernesto Paglia para o Globo Repórter em 1983, em meio ao caos da enchente.

O vídeo é de cortesia do canal BNU HDTV e foi postado recentemente na comunidade. Talvez um material tão desconhecido quanto lembrado pelos que viram-no e que, pelo menos, viveram aqueles dias alucinantes de 35 anos atrás. O material chega a ter mais um clima de estudo de caso do que de relato, onde Paglia em início de passagem pela Globo, buscava entender como o blumenauense conseguia, com agilidade incrível recuperar-se de cheias como as daquele atribulado 1983.

Acima, as bombas desmontadas do posto do seu Abelardo, na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Rua 7 de Setembro (atual Posto Juninho). O estabelecimento foi um dos cases de Paglia durante a produção da matéria. Abaixo, parte do estrago na Teka, onde grande parte do estoque, matérias-primas e maquinário foi danificado na alta das águas, no ápice da enchente (Reprodução / Antigamente em Blumenau / JSC)

O interessante do material são os comparativos de locais da cidade bem atingidos, alguns até marcantes como o antigo Restaurante Cavalinho Branco e a Teka, cujo parque fabril fora seriamente danificado durante as cheias. No entanto, o que mais choca é que Paglia e sua equipe acabaram, sabe-se se por coincidência ou não, pegando justamente mais uma das tantas cheias que assolavam a cidade naquele ano.

Segundo o que conta Paglia, a enchente era a nona do ano, mas analisando os dados grosseiramente fica difícil precisar qual é a data exata daquela cheia já que, no princípio, refere-se a julho como um período já distante, porém ao analisar uma primeira página do Jornal de Santa Catarina de 03 de agosto daquele ano, pode-se estimar que a reportagem data do período entre agosto e setembro de 1983.

Contando pela sexta enchente, como destacado no JSC de 03 de agosto, pode-se precisar: Paglia e sua equipe estiveram em Blumenau entre agosto e setembro (Reprodução / JSC)

Seja como for, a história das enchentes de 1983 e 1984 já é um tanto batida até mesmo para o interesse da imprensa, que certamente voltará a recorda-la neste ano, quando completam-se 35 anos da tragédia superada em estrago e números apenas por 2008. No entanto, um material novo merece ser dissecado, ainda mais quando a reportagem tenta entender essa persistência tipica de Blumenau quando a água invade ruas, casas e comércios.

Sendo assim, a intenção não é se alongar tanto. Fica portanto para qualquer um ver e recordar, mesmo que com alguma pontada de dor, este registro um tanto pessoal de Ernesto e seus rapazes driblando as turvas águas do Itajaí-Açu:

3 comentários em “Antigamente: Teimosos blumenauenses em 1983, um registro de Ernesto Paglia”

  1. Entao, meu pai trabalhava no Hotel Plaza “Hering” em 1983. Segundo ele esta gravação do Paglia seria por agosto/83 – visto que as paredes do hotel já estavam pintadas e o “forro” trocado.

  2. Prezado André,
    Obrigado por resgatar esta antiga reportagem. Fico feliz com os seus comentários e percebo com satisfação que a matéria foi um registro interessante do passado recente de Blumenau. Só me permita uma observação: esse trabalho foi feito para o Globo Repórter e não para o Fantástico. Grande abraço!
    Ernesto Paglia

Deixe uma resposta