Antigamente: Mafisa, muito além do trevo

(Fonte: O Município Blumenau)

Na manhã desta terça-feira (23/07), o trecho da BR-470 próximo ao Norte Shopping parou para assistir um tombar de uma antiga caixa d’água bem na beira da pista. Solitária, sozinha, condenada, a estrutura foi um dos destaques dos portais de notícias da cidade nos quatro cantos, até porque não é todo dia que uma implosão dessa forma acontece.

A estrutura pertencia a uma das mais tradicionais e históricas marcas do mundo têxtil blumenauense: A “Malharia de Artefactos Finos” ou Mafisa, um ícone da industria do tecido que desapareceu a mais de 30 anos mas que deixou sua marca naquela esquina entre a rodovia e a Rua Dr Pedro Zimmermann, convenientemente chamada até hoje (e para sempre) de “trevo da Mafisa”.

Algumas imagens da Mafisa, quando ainda estava localizada na Rua dos Gymnasticos hoje, Rua Pandiá Calógeras), na região central. A qualidade dos tecidos era uma das melhores do país. Anos mais tarde, as instalações da empresa foram transferidas para a Itoupava Central (abaixo), na planta que ocupou até 1991, já sob controle da Hering (Antigamente em Blumenau | O Blumenauense)

Fundada a quase 90 anos, a Mafisa começou seus trabalhos como uma quase-vizinha da Hering, operando seus teares em um prédio na antiga Rua dos Gymnasticos, hoje Rua Pandiá Calógeras, em terreno onde atualmente está a Unisociesc. As instalações estavam localizadas bem ao lado do prédio da também histórica Sociedade Gymnastica, ainda resistindo ao tempo dentro da propriedade da EEB Pedro II.

Anuncio setentista da Mafisa, em áureos tempos (Antigamente em Blumenau)

O passar dos anos e o crescimento da região central a fez desaparecer da nobre localização, atualmente uma das mais “finas” da cidade, para as imediações da BR-470, na Itoupava Central. Já adotava a razão social “Malharia Blumenau S/A” desde 1941 e figurava entre as maiores empresas da cidade conforme ranking de 1979 do Jornal de Santa Catarina preciosamente resgatado na coluna do Pancho de 2011.

Apesar da força, a Mafisa nunca esteve em posição de ameaçar grandes potência do mercado têxtil da cidade, a ponto de acabar absorvida pela Hering em meados dos anos 1980. A sua planta na Itoupava Central teve as atividades encerradas em 1991, mesmo ano que abria as portas ao seu lado a moderna filial da CooperHering (hoje Cooper) em atividade até hoje.

A Mafisa se foi, mas ficou marcada no vocabulário popular sobretudo pela sua localização na confluência da Rua Dr. Pedro Zimmermann com a BR-470. O trevo que passou a viaduto até hoje tem má fama por ser um ponto de eterno gargalo no trânsito, mesmo com a construção da estrutura. Aguarda-se uma solução (definitiva, espera-se) para o problema com a chegada das obras da duplicação, já bem atrasadas neste lote.

Em tempo, o terreno da antiga Mafisa dará lugar a mais uma filial de uma famosa rede de supermercados por atacado. No entanto, mesmo com o tombo da caixa d’água, o vulto da antiga malharia não desaparece da memória de quem por ali passa. Outro capítulo da história de Blumenau desaparece, mas não o nome.

Mafisa sai do mundo dos tecidos para o imaginário popular e para o trânsito, onde vai estar para sempre.

 

(Contribua com A BOINA, dados históricos nunca são demais. Se você conhecer mais detalhes sobre a história da Mafisa, compartilhe com a gente nos comentários do post, do Facebook ou no blogaboina@gmail.com)

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