O amor (não) está no ar

O amor é um processo complexo demais para os moleques.

Esta frase é uma verdade, não distingue nenhum parâmetro humano, físico ou social, é uma realidade em que todo o momento, seja eu, você e quem está numa relação vazia ou abusiva pode-se provar.

Nunca o ser humano quis mais e mais este vazio sentimental. Evidente que, de romances em romances, vai se encontrar o definitivo (ou não, vá saber!), mas nem este sobrevive a esta superficialidade das coisas.

A odiosa face hedonista dos mais jovens aos senhores e senhoras “cidadãos de bem” que mascaram suas traições entre orações e projeções virtuais.

As pessoas estão a procura de algo que lhes preencha por completo o sentir, e não que as transborde tendo ciência de serem elas completas.

O amor, disfarçado porcamente de frases prontas de Caio Fernando Abreu e lacradores sentimentais das redes, toma o lugar de algo dos “párias e frouxos”, na visão dos que são imparáveis, capazes de usar da violência e indiferença para se alimentar de prazer fugaz.

Relações de longos anos deterioram-se e, por vezes, se desfazem a custa de um ato de pura coragem do lado destruído. Recentes situações midiáticas mostram-nos isso sem cair na fofoca: são realidades muito mais próximas e visíveis de nós, que muitas vezes nem as máscaras sociais conseguem disfarçar a balança desequilibrada na equação.

E o que leva a isso? Todo esse barbarismo que é relativizado e suavizado por muitos e que fere, mata, ilude e destrói esperanças. Não é de hoje, mas o hoje vê este movimento muito mais intenso e nefasto nas relações amorosas: o balizador é o desempenho sexual, que não é capaz por si só de dizer que é a “única pessoa”, não é capaz de garantir fidelidade aos inquietos hedonistas.

Não é querer condenar a paquera, mas é gritar veementemente contra o ser falso, ser egocêntrico, tomar como troféu a pessoa que se diz amar e dela não construir nada além de uma sucessão de vazios.

Vazios que resultam em violência, tristeza, desilusões que levam a reflexões cruéis como se a culpa recaísse à vitima, e tratando de uma separação como uma hipócrita movimentação natural de tudo.

Realmente, há muitos infantes e moleques que nunca saberão o que é, de fato, uma relação de duas pessoas, independente da instância que se pratica. É difícil escrever poesia quando se quer matar o amor com o frio e o gozo inócuo. As fotos das redes e as visões fantasiosas de felicidade passam diante dos olhos, sem deixar a vítima gritar a sua solidão acompanhada.

É difícil pregar o amor, o romance, quando se está sozinho. Amar é complexo demais para os moleques, e neste status da sociedade em hipocrisia, eles que são a maioria no seu vazio.

Desculpas pelo título ao saudoso Agostinho dos Santos, mas seguimos…

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