Jacque

Quem é você?

As vezes, o ser humano tem medo de flutuar na nuance de algo novo.

Talvez seja aquele medo de cair em desgraça outra vez e se sentir um pária que, por tempo, ficou abraçando o ar sem nada para lhe devolver o calor.

Medo fútil, eu acho. A gente aprende, nessa forja da vida, a se permitir e deixar-se levar pelos ventos novos que aparecem, pelo teimoso raio de sol que aparece sem nenhuma cerimônia e faz brilhar até mesmo a escuridão da noite mais profunda.

E meu coração, nesta doce confusão, pergunta ainda, quem é você?

Alias, nesses dias dentro da “latinha”, tocamos corações. Mas não esperamos ser tocados. A gente está no habitáculo frio do estúdio, entre seus fios, o microfone e as mil telas do computador rodando sons, lendo notícias, interpretando o teatro.

E nessas, você meio que abre uma fresta nessa janelinha e algo irrompe essa frieza toda dos dias (como se o rádio fosse frio. E frio é apenas o repetir dos dias), te acerta em cheio e você se pergunta…

Alias, se pergunta de novo: quem é você?

A despretensão de um “olá” torna-se um papo entre a realidade e a imaginação. A curiosidade lhe acossa fortemente em querer saber quem é aquela pessoa que lhe bateu a porta mental tão simples e calmamente, admirada por este teu trabalho de dia a dia, de sorriso em sorriso.

E, falando nisso, este sorrir simples? Vasculhando imagens, tentando decifrar o passado dela, ainda preso naquele temor de que o desconhecido é perigoso e passível de sofrimento, você vê a repetição de sorrisos, de serenar de alma repetindo em cada momento, misturado entre a pureza da menina-moça e a beleza quase moldada a mão pelo Pai da mulher e seu olhar incisivo.

“Outra escorpiana?” Me pergunto… nada, é Peixes. Como se signo dissesse algo, mas a curiosidade nos move pra todo lado.

A prosa se estende, mas não apenas uma prosa simples. Você sente que aquela beleza não esconde um ego viciado em si mesma. Ela abre o coração, deixa um mistério inquietante no ar, e a pergunta se repete na cabeça a cada questão emaranhada de uma carícia em forma de palavra.

Me diga, por favor, quem é você?

Os pronomes carinhosos viram uma constante. A gente percebe que não é uma mentira. Ela é real, jovem, lotada de sonhos, talvez um uma sutil puerilidade resultante desse deslumbre saudável com a vida.

A cada imagem, desenhada com uma beleza impossível de se calcular, você repara em expressões que o incauto não perceberia as facetas se multiplicando: determinação, atitude, auto amor, serenidade, tranquilidade.

A noite caída só faz revelar ainda vontades que acabamos tendo. E que se pergunta, a mente em convulsão, por que tão rápido e profundo? Entende-se a leveza que ela tem, ao mesmo tempo que os olhos a desenham na mente como reflexo de um ser belo fora e dentro de si, em mudança constante, início de jornada, um crescimento sem esquecer o lado sereno.

Dizer que “gosta”, que “tem feito bem”, que “quer dar a mão e estar do lado” neste processo todo chega a ser padrão, coisa obrigatória de se dizer, mas você encontra outras formas, como se não escondesse a vontade de querer dizer tanto com testas coladas, sentindo a respiração e a calma de batidas do coração, com dedos entrelaçados e lábios prestes a se juntar sem cerimônia enquanto o sol produz sua luz laranja em mais uma despedida do dia.

De repente, tem algo mais dividindo sua mente com os corres do dia. Você não está, digamos, “sozinho”. Os amigos estão em volta e você anda de um lado para o outro, mas o coração está quente. Tem uma alma vibrando na mesma frequência que a sua.

As palavras no papel falham, você não quer apenas falar, quer segurar as mãos, olhar nos olhos e contar coisas que fariam-na rir sem pretensão, revelando o sorriso autêntico e emanando a doce e sutil energia doce de seu mundo em mudança, porém encantado.

Esse dia, ele chega logo. É processo simples, prazeroso, necessário para que uma história em sorrisos continue sendo escrita. Tudo nascido de manhãs em uma latinha cheia de fios e sons.

Esse conto, pra você, pode parecer um “conto de vigário”, mas por que não se permitir deixar uma alma jovem, leve, nova e diferente de tudo entrar no seu caminho e seguir seus passos? Por que não permitir que o amor seja amor em vez do simples toque de pele, sexo e sentimento passageiro? Por que não deixar-se ser feliz acreditando em você e deixando este bolo crescer?

Enfim… são dias diferentes para mim, e a gente sente que para ela também. Que sejam outros tantos dias porvir, por favor!

Enquanto isso, encantado, emaranhado nessa mistura de curiosidade e vontade, eu ainda ouso perguntar de novo e de novo, perto ou longe dos olhos, entre um sorriso e outro de pura alegria, contemplando ou não imagens e vozes doces…

Quem é você?

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