O velho anuncio parecia profecia, mas na verdade é a repetição da frase batida que avisa das coisas que mudam, precisam mudar, voltar para o futuro mostrando um pouco mais de potencial que tem embarcado.
O velho 759 da Rua XV é a razão desta frase. Outrora com as marcas do envelhecimento e do tempo pesado pós-glória, já esquecido e distante de épocas áureas como uma das paradas obrigatórias do turismo de compras de Blumenau. A antiga Lojas Hering a qual os antigos vão demorar para tirar da língua, o referencial que sobrevive.
A notícia da reforma e modernização do Edifício Hering e do Shopping H, renovado e renascido pouco a pouco (inclusive na abertura, em “soft opening”) não foi recebida com repulsa ou tristeza pelos puristas. Há estruturas que, de fato, precisam sair do clássico para reencontrar-se com o presente e futuro, e o caso da velha loja era um bom exemplo.
Pode ser que algum arquiteto vá discordar de mim, e entendo perfeitamente diante das lições aprendidas (ou não) com o saudoso professor Vilmar Vidor com relação a preservação histórica do patrimônio edificado. Mas nesta, abro exceção ao Shopping H, o rejuvenescimento lhe fez bem, recolocou uma história nascida dos Steinbach num trajeto de futuro, com a imponência que lhe é pedida.
As vezes rio respeitosamente com o olhar de contemplação do belo espaço montado nos, vamos dizer, bastidores do prédio. A área, hoje cercada por espaços gourmet, choperias e área de convivência cosmopolita nem faz recordar mais o tempo de depósito. E lá eu tive minhas memórias, nos tempos que minha mãe, veterana de 15 anos da velha Lojas Hering, trabalhou e frequentou por lá, ainda comigo a tiracolo, uma criança curiosa por aquilo tudo.
Entre entregas de produtos e afins, os clássicos veículos da antiga loja, no clássico saia-e-blusa azul e branco que ainda circulavam por ali. Eram meados de 1995, quando o empreendimento estava na conversão para Centro Comercial e os resquícios da casa comercial que chegou a ter filiais fora de SC e uma força enorme no varejo era obrigado a converter-se pelos novos tempos.
Acontece de novo, e as sombras dos antigos departamentos, da Toka, do Hering’s Lanchonete, das escadas rolantes Otis clássicas e das enchentes que obrigaram movimentos heroicos para proteger a loja ficam preservadas nos compêndios. O Shopping H reabre calmamente mostrando a nova cara e os novos tempos. Não me cabe aqui discussões classistas ou arquitetônicas, estou feliz e a Rua XV ganha, novamente, uma velha casa renovada.
O anuncio dizia, e a vida lá fora segue assistindo o Shopping H, a Lojas Hering, nascendo de novo.
Enfim, “os tempos mudaram”.