Idílicos tempos… Andei redescobrindo este velho – e tão atual -jingle…
Com o dedo do imortal Gutemberg Guarabyra, ele ia muito além de um simples reclame de refrigerante como foi o da Pepsi, mas talvez um grito contra os “quadrados”, o que o refri concorrente – o Guaraná Antarctica – chamava de “Boko Moko” na mesma época, e o que estava explicito na quebra do arcadismo social em pleno cerne da linha dura na ditadura que apagou o Brasil.
Os versos são cirúrgicos, a melodia é deliciosa e é impossível repetir esse mantra sem sorrir: “só tem amor quem tem amor pra dar”. E vai dizer que não é verdade?
O grito de jovens de cabelos longos, calças boca-de-sino desbotadas, ideias curtas e visões modernas demais para os conservadores de terno e gravata, uma geração que queria gritar fora contra seus paradigmas e provar que havia outro mundo, outro momento, outra mentalidade aflorando.
E aí me pergunto, um tanto contrariado ao me calar nas névoas de minha mente: onde foi que nos perdemos? Quantos aí que cantaram com Guarabyra gritam, hoje, contra direitos fundamentais, profanam o ódio com bíblias na mão e rasgam o básico da sociedade em nome do conservadorismo furado que contrariavam naqueles anos 1970?
Alguma coisa se perdeu nesta juventude que não tem mais cabelos longos, mas ideias quadradas, mortais e ignóbeis. Nunca fizeram tanta falta os versos de Guarabyra e cabeças frescas o cantando em coro.
Eles nunca entenderão o básico: “só tem amor quem tem amor pra dar”.