Sobre Camila e os “bons teimosos”

Os “bons teimosos”. Como eu adoro ser desse time!

Em um mundo que se preocupa em satisfazer a compulsão por dinheiro e zona de conforto abusando da infelicidade, correr contra a maré chega a ser uma provocação aos normais. Essa coisa do “simples que resulte em grana” não relaxa os nervos de quem quer ir além, o sonho não é feito dessa máxima tão óbvia, tão passada.

As vezes, em momentos da madrugada indo para a rádio, penso exatamente nesta máxima: Se eu tivesse me acomodado em um chão-de-fábrica nos meus 19, 20 anos, eu seria realizado? Nunca! E até hoje a sensação é de ir sempre mais perto do limite e descobrir que há outro limite lá na frente, ou não há nenhum.

No entanto, nunca é fácil. Tem dores e dedos apontando pra você sempre que você resolve remar contra a maré. Sobretudo numa Santa Catarina que se acostumou em dormir nos louros fáceis, usando aquelas máximas de “acordo cedo, muito trabalho”, mas sem expressar o verdadeiro sonho. Apenas aquela coisa de querer justificar que está “num estado que trabalha”, mas zumbificando seus movimentos para ser mais um vitorioso simples na boiada do dia a dia.

Vou contar pra vocês: Camila está no meu pensamento por esta semana. Mesmo eu sem ser um adepto dos pesos e flexões de uma academia, o que me impressiona de forma arrebatadora é a disciplina e persistência dela em busca do objetivo. Atleta desde muito tempo, das mesas de tênis ao moldar do corpo que vai além da saúde, há um objetivo ali em cada movimento nas máquinas em que ela está.

Parece até aquela monotonia da rotina, mas isso é pra você que enxerga rotina nos movimentos regrados que ela tem: alimentação, treinos, trabalhos, é um foco tão impressionante que eu, mesmo repetindo a mesma disciplina no trabalho, admito que não chego perto. E o ser humano é capaz de assustar com o tamanho do foco que ele emprega quando seu objetivo vai contra o padrãozinho dos acomodados, dos que não tentam ir além do limite imposto pela mente.

A cada caminhada, Camila sente que está no seu rumo. A cada flexão, puxada de peso, ela sente que seus músculos estão no rumo. A cada refeição dentro do plano, ela sente que está seguindo seu rumo. Aquele rumo que, os que estão em volta não entendem, não compreendem porque veem o mundo pela ótica mais simples do fazer+receber. Ela não é deste mundo lógico, ela contraria a lógica pelo… objetivo, claro.

A Camila de todo dia, que nas suas redes torna-se inspiração para os semelhantes que buscam o mesmo foco e determinação, também é um ser de sentimentos, doçura e leveza, mas onde havia uma carne fraca estão poderosos músculos construídos não apenas por competição.

Ela sabe onde ela quer chegar, ela não é simples, ela bate o pé e nos deixa essa lição: em terra de pensamentos tacanhos, acreditar em sonhos possíveis é muito mais rico que qualquer conta pomposa no banco apenas: tem a ver com a realização própria do ser humano, e sentir que se está vivendo o sonho mata fragorosamente aquela máxima arcaica que só o dinheiro “traz felicidade”, e nunca trouxe.

Ser teimoso pelos sonhos da gente, contrariando as palavras conformistas e batendo perna com aquele sorriso de “estou pronto”. Que sensação admirável e saborosa de se sentir. Se você duvida, não duvide de Camila e dos que se focam pelo sonho. Mais dia, menos dia, quem espera e faz sempre alcança, como dizia aquele velho samba de outros tempos.

Ela sabe, eu sei e sei que você bem sabe: sonhar faz bem! Buscar o sonho é um prazer, desmentir o óbvio é fabuloso e conquistar não é o fim.

Sejai tu também um “bom teimoso” e, nas palavras de Daniel Godri: “busque o topo! É lá onde vamos nos encontrar”.

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