Lá pelos anos 1990, quando A BOINA era um garboso e curioso infante, o mundo do entretenimento caseiro, no que tange a sétima arte em todas as suas facetas, rodava em fita magnética. O videocassete era tão cobiçado quanto, e a era do VHS ainda se sentia o ar, tanto pelas vídeo-locadoras que pipocavam a cada esquina quanto pelos algodões limpando cabeçotes e pacotinhos de sílica pra evitar a umidade.
Em uma noite, me peguei num momento destes de nostalgia temporária: recordei das chamadas e vinhetas que toda a fita da Abril Vídeo inseria antes de cada clássico de Walt Disney trazido por ela de 1983 a 1999, período em que a marca dos Civita assumiu a responsa de importar para o Brasil, em VHS, as obras imortais do velho Walt e seus herdeiros no traço.
Talvez pelo contato puramente analógico – aliado aquela inocência infantil de pedir para a mãe colocar a fita no aparelho, dar o play e deixar a mágica acontecer. Tardes passavam sem contar as horas diante da Branca de Neve, do Mogli, da Duquesa e seus gatinhos, dos 101 Dalmatas, do Pinocchio e por ai afora. Quando acabava, tocava a correria atrás dela para rebobinar a fita e guarda-la. Tenra e inocente idade essa.
Eu seria “cringe” demais para afirmar, mas talvez um pouco dessa magia perdeu-se no caminho. O streaming abre um mundo limitado apenas pelos “plus” da assinatura e a quantidade variada de atrações disponíveis, e é fato que é uma revolução em movimento. Também como foi o VHS, o que permitia deixar em nossas prateleiras clássicos imortais de todos os tempos para, como dizia a vinheta, “ver e rever a hora que quiser”.
Mas, que se permita um pouco de nostalgia, claro, quem nunca viu uma abertura da Abril Vídeo como as abaixo, não sabe o que foi uma infância feita em videocassete e suas peculiaridade. Deixe-se voltar no tempo…