Para o que convencionamos a entender por cultura neste país, Mario Frias é um zero a esquerda completo. Tomado da paranoia ideológica que o governo implantou em seu “chip da besta” em cada cabeça, vai contra tudo que possa representar um perigo de “subversão” ao status quo acéfalo de Brasília.
Pobre coitado que, em seus atos, da de mãos com o sujeito da Fundação Palmares, visivelmente negligente com a trajetória das mais ímpares figuras negras deste país, agindo como seu par da secretaria de cultura como um digno cordeiro da filosofia governista de “anular” a natureza contestadora e profunda das artes como um todo e da história no modo geral.
O pior que não me assustaria tanto, uma vez que virou um triste hábito desmantelar as ferramentas de promoção da arte em suas várias facetas pelo país. Mas preocupa a abertura dada à evangélicos neopentecostais no Conselho Municipal de Cultura, em Blumenau. Ainda mais pelo fato desta situação ter nascido de um momento turbulento, motivado por interferências de políticos de altar de igreja e que resultou na demissão do professor Rodrigo Ramos do posto de secretário.
Onde vai parar a paranoia de um país com sua produção cultural? Nem tudo tem odes à Deus ou aleluias gritadas ferozmente com medo do diverso de todo dia. É certo que as artes antigas nasceram inspiradas em figuras sacras, mas como tudo que evolui, a cultura global deslumbra e descobre, mas também contesta e provoca as reações de quem sabe o que cerca, os erros, os vômitos verbais de governos extremados que agarram-se a crucifixos para arrebanhar apoiadores medrosos com o mundo.
Que, ao menos em Blumenau, fique-se atentos aos movimentos do novo conselho e que este momento não seja de poda da criatividade “em nome de Deus”, mas que seja uma forma de continuar contestando, deslumbrando e convidando a todes para sentar-se ao redor das mais coloridas e variadas manifestações de nossa cultura.
E sim, é TODES mesmo, você leu bem, Frias! 🌻🌻