Saiu por este fim de semana um recorte do que foi um dos momentos mais marcantes da TV brasileira. Visivelmente cansado, sem esconder que os estresses de tempos passados tinham feito ao seu coração, Flávio Cavalcanti dava sinal do esgotamento nervoso entre tossidas, suor e goles de água. A ideia não era abandonar o estúdio, o compromisso com a audiência era maior, fazia parte dele.
Polêmico, causador de amor e ódio, entre o sensacional e o sensacionalismo, Flávio chegava ao SBT para, talvez, ter a melhor estrutura em TV que jamais teve desde os tempos de Tupi e TV Rio. Estava na casa de Silvio Santos desde 1983 e continuava quebrando seus discos, criticando ferinamente os lados musicais e trazendo atrações, entre irreverencia e assuntos atuais, diante do júri que ele mesmo criou para a televisão nacional.
Mas, 63 anos de vida agitada – e descuidada – cobravam seu custo. O 22 de maio de 1986 acabou cedo e, depois do último dedo em riste, saiu de cena pra deixar com Wagner Montes o encerramento do último programa. Quatro dias depois, Flávio saiu da rotina para a história, deixou o SBT fora do ar por quase um dia e a memória da TV recebe o cidadão de óculos em seus compêndios.