Jornalismo em extinção? Tem certeza, presidente?

Estamos em extinção…

Palavra de honra, quem disse isso foi vossa excelência, o presidente. “vamos ser colocados junto do IBAMA, somos uma espécie em extinção”.

Brincadeira tem hora e graça, e na língua do distinto mandatário não é surpreendente. Alienado a realidade mesmo estando a frente do próprio país, fantasiando uma nação “sem denuncias de corrupção” mesmo com os filhos enrolados judicialmente e julgando a sua falta de pulso paternal como uma “perseguição midiática injusta, esquerdista e cruel”.

Pudera, o país “está mudando”. Deve estar, com a gasolina a preços vigorosamente altos, itens do supermercado caros e os velhos problemas de saúde persistentes. Segurança com medidas esdruxulas que mais beiram a proteção dos colarinhos brancos e a educação que atrasa a ciência, a arte e persegue qualquer atitude que faça pensar em nome do “combate de ideologia”.

E tocar nestas feridas incomoda, oh se incomoda! Jornalistas como nós estão em extinção mesmo, trocados pela ignorante fome de se ouvir e ler “o que quer se ouvir e ler”, fomentados por uma dúzia de acéfalos ditos jornalistas que trabalham em nome da desinformação travestida de propaganda paranoica.

Sim, curioso estarmos em extinção quando muitos de nós, jornalistas, estamos executando nosso trabalho enfrentando as incompreensões e ignorâncias causadas pelo poder e pelo medo de dizer a plena que “perdi meu voto”. As verdades inconvenientes que doem ser ouvidas e que tornam qualquer jornalista o inimigo publico número um da “nova nação”.

E falar em “verdades inconvenientes”, creio que você ainda possa pensar que quem te aponta o dedo é um esquerdopata sem futuro. Nem os “da esquerda” não aguentam muitas verdades. Afinal, a imprensa outrora vista como “de direita” por falar das coisas e dissabores dos governos anteriores hoje mudou de lado nas palavras dos insanos.

Excluindo-se uns ou outros loucos da profissão, a grande maioria está nessa corda bamba há séculos, tomando suas pedras, chorando mortes nos porões das ditaduras, perdendo seus direitos e salários, mas sempre viva e fazendo a sua parte, sendo a tal “força” que você diz que devemos ser sem mesmo você saber.

Lamento informar, presidente. Brincadeiras assim não tem graça com uma classe como a dos jornalistas, isto é: se isto lhe soou como uma brincadeira da sua parte. Aquela velha máxima de que “quando a imprensa incomoda o governo, há algo errado” nunca foi tão verdadeira, e o senhor deve estar sabendo muito bem disso.

Antes de falar patifarias, saiba que a maior patifaria é travestir-se da ignorância disfarçada em mitos. E enquanto houver um homem ou uma mulher da informação no seu caminho ou no caminho do seu governo não haverá espaço para meias-verdades: o que for correto, deve ser digno de nota e elogio. O que for errado, deve ser apurado e mostrado a nação, como nossa cartilha sempre exigiu.

Estamos em extinção, presidente? Aguarde e cuidado, faça o seu que fazemos o nosso. Mas faça mesmo, a nação quer um mandatário e não um eterno candidato ao cargo.

E A BOINA tem dito.

Deixe uma resposta