As vezes, no nosso pensamento de algumas coisas só acontecem lá fora, imaginamos que alguns dos maiores enigmas que mexem os curiosos só estão presentes em outros países. Sejam questões sobrenaturais ou misteriosas que nunca tiveram solução. Mas quem pensa desta forma engana-se redondamente. Dentro do Brasil reside-se também um dos mistérios mais obscuros e insolúveis da história nacional. Em algum lugar do interior da Bahia, perdida e intocada, deve estar localizada a tal cidade perdida que consta no curioso Manuscrito 512.
A história deste documento é pitoresca e nos remete ao ano de 1753, ainda nos tempos da colônia e das expedições. Nele, está o relato de um grupo de bandeirantes que partiram de São Paulo para aquelas terras em busca da lendária Mina de Muribeca, outro grande mistério brasileiro que fala de uma fantástica jazida de ouro, prata e pedras preciosas, cuja localização era motivo de fascinação de aventureiros há muito tempo.
Dentre as tantas expedições feitas a procura de Muribeca, surgiu este manuscrito, que só foi encontrado nos interiores da atual Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, em 1839. A narrativa conta que, durante as buscas pela tal mina, os bandeirantes se depararam com uma magnífica cidade abandonada desconhecida no interior baiano. A descrição é minuciosa e bem detalhada, fala do encontro de uma montanha brilhante, repleta de cristais que causaram espanto, admiração e atraiu a atenção dos exploradores.
Ao chegar ao topo do monte, os bandeirantes se depararam com uma grande cidade sem nenhum sinal de ocupação humana recente. O acesso era feito por uma única entrada ornamentada com três arcos e trazendo marcada várias inscrições indecifráveis. As construções da cidade lembravam vagamente a arquitetura romana, além de outras edificações mais curiosas e esquisitas.
Outros detalhes da cidade ainda são descritos no manuscrito pelo autor. No local, havia também uma praça, onde no centro estava a estátua de um homem sobre coluna negra, sem roupa até a cintura e com uma coroa de louros na cabeça, apontando para o norte. Os edifícios próximos a praça eram gigantescos e tinham marcadas nas paredes figuras em relevo semelhantes a corvos e cruzes.
Leia a transcrição do Manuscrito 512
Também foram encontradas sepulturas com inscrições curiosas e uma estranha moeda de ouro. A moeda, também desconhecida, trazia vários emblemas em toda a superfície, como um rapaz ajoelhado numa face e uma coroa, um arco e uma flecha na outra. Algumas das inscrições encontradas na cidade foram transcritas pelo autor do manuscrito, mas jamais foram decifradas. Para ficar ainda mais misterioso, o responsável por escrever o documento nunca foi identificado, bem como nenhum dos integrantes desta expedição e, muito menos, a localização exata da cidade.
Ao longo dos anos, vários pesquisadores e exploradores tem atraído-se sobre o assunto e teorias já começaram a pipocar. Uma delas diz que a cidade tenha sido construída por antigos vikings há mais de mil anos, outra fala da semelhança das construções com a de antigas edificações etíopes da idade média e que as inscrições estão escritas em gueez, antigo dialeto deste povo. Outra teoria conta que os textos estejam em grego ptolomaico, uma forma demótica (coloquial) da língua dos antigos egípcios.
Seja qual for a verdade, o Manuscrito 512 segue sendo um dos mistérios mais intrigantes da história brasileira e, por que não, mundial. O documento original ainda existe, mas por conta da deterioração o acesso a ele na Biblioteca Nacional é muito restrito. A Biblioteca, no entanto, disponibilizou no site oficial uma versão digital do manuscrito, para os curiosos de plantão.
Aos aventureiros de plantão, um bom convite a uma expedição nas distantes e encantadoras terras do interior da Bahia, que escondem diante da vegetação e do sol forte um mistério, uma riqueza e uma história digna de qualquer mistério que só se encontra lá fora.
Grande André!
Um excelente matéria sobre essa cidade desconhecida mas relatada neste manuscrito.
Assim como este relato que pesquisasse, tantos outros devem existir Brasil a fora.
Parabéns pela pesquisa. A BOINA continua um sucesso cada dia mais reverenciando e sendo aplaudida pelo senhor Godofredo.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau, a cidade mais linda do mundo e que eu amo!