Publicidade anos 70: A mensagem de ontem, hoje (Parte 3)

Depois de quase um ano entre matérias importantes e adiamentos (que eu mesmo não conseguia controlar), finalmente resolvi colocar no ar a parte três desta série que comecei ainda ano passado, quando A BOINA ainda era um blog em crescimento, e ele ainda o é, sem dúvida. Hora de voltar a decifrar e trazer para o presente as mensagens pitorescas das propagandas de revista da década de 70, algumas curiosas, outras históricas e outras que, vindas para hoje, talvez não seriam tão amigáveis assim.

Nos dois primeiros episódios (para quem não leu: Parte 1 / Parte 2), tivemos de tudo. das mensagens curiosas em tempos de regime militar, propagandas que hoje soariam controversas, recortes de empresas e personagens históricos e todo um retrato de uma época que não mais volta, surpreendente nos acontecimentos e na vida social de um mundo inteiro.

Neste embalo, voltamos a carga com mais 14 comerciais de revistas para recordar outros tempos da publicidade brasileira, eterna criativa nas mensagens que passa e que, por cada recorte, guardou um pedaço do passado da forma mais original. O arquivo de imagens vem do blog de Oswaldo Hernandez.

Vamos a elas:

Unibanco (1970) – A Jules Rimet no Brasil para não mais sair

1970 foi o ano do extasio do futebol nas terras mexicanas. Sob o comando de Zagallo e tendo uma seleção que qualquer um consegue lembra-la sem problemas (Felix, BritoCarlos Alberto, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Tostão e Pelé) o Brasil faturava o tricampeonato mundial aplicando 4 a 1 sobre a Itália no lotado Estádio Azteca, na Cidade do México.

Com a conquista da clássica Taça Jules Rimet pela terceira vez, o Brasil saiu do México sabendo que aquele artefato de ouro e mármore batizado com o nome do francês ex-presidente e um dos idealizadores da primeira Copa seria seu para sempre. O próprio Rimet tinha estabelecido, no construir da taça, que o primeiro país a conquistar a Copa três vezes seria o dono legítimo do galardão, inocentemente acreditando que nenhuma seleção seria capaz de tanto.

O Brasil o foi, ao menos capaz de ganhar a taça, mas não o seria de cuidar dela. Em 20 de dezembro de 1983, o troféu foi roubado do expositor na sede da CBF para ser irremediavelmente derretido. Uma total falta de cuidado que acabou como fumaça e uma réplica da Jules Rimet dada pela FIFA em 1986. Da original mesmo, só ficaram as fotos, como esta da propaganda do Unibanco.


Conselho Nacional do Café (1970) – A semente que vai bem de todos os jeitos

Para um jornalista falar dele, chega a ser quase uma frase cheia de clichês. Para o Brasil, é uma parte alta de nossa história antiga e para os negócios do país, já foi o grande carro-chefe em tempos que era ele quem ditava nossa economia. O café para o Brasil é como o chá para os britânicos, quase sagrado a cada começo de manhã, fim de almoço, lanche da tarde ou no jantar, uma bebida tão tupiniquim que nem parece internacional.

Nos anos 60 e 70 as revistas de circulação nacional traziam por entre suas páginas propagandas como estas, com uma mensagem divertida visando estimular o consumo de café dentro do país. Apresentar a bebida de forma gelada, apesar de curioso, não é nada anormal. Bolos, sorvetes, coquetéis, um sem-número de doces e drinks levam café na composição, e são deliciosos, naturalmente.

Depois dos problemas enfrentados pelos cafeicultores no governo Vargas, o café perdeu um pouco o status de protagonista da economia brasileira, mas nunca perdeu a majestade como a bebida mais importante para acordar de manhã cedo. Não importa a geração que o tome.


Companhia Telefônica Brasileira (1970) – Outros tempos da telefonia

Hoje, você precisa ligar para alguém com extrema urgência. Você saca o celular, disca e só leva azar se o telefone cair na caixa, não tiver alcance ou estiver com a linha ocupada. No entanto, há 46 anos atrás, o Brasil ainda engatinhava no mundo da telefonia e não era por falta de esforços. Inscrições nos planos de expansão eram caríssimas e, muitas vezes, aguardava-se muito para a chegada do tão sonhado aparelho de telefone.

O telefone no Brasil surgiu, de forma oficial, em 1888, com a criação da Brazilian Telephone Company, anos mais tarde rebatizada como Companhia Telefônica Brasileira. Isto compreendendo apenas os estados do Rio, São Paulo, Espirito Santo e parte de Minas Gerais. Naquele tempo você não se inscrevia, mas sim era acionista da empresa para ter direito a uma linha. Hoje, o que se multiplicam de processos para resgate das ações telefônicas daqueles tempos não está escrito.

Outros estados tinham companhias próprias, como a Telesc em Santa Catarina. A CTB desapareceu em novembro de 1972, com a criação do sistema Telebras, existente até hoje e tendo, entre suas responsabilidades, a gerencia dos serviços de banda larga no país. As empresas de telefonia estaduais, que eram reguladas pela empresa, foram sendo privatizadas aos poucos nos anos 90.

Um bônus: Propaganda da CTB em 1973:


Exercito de Salvação (1970) – Pois nem tudo o Papai Noel resolve…

Nos natais, eles são presença marcante em busca de dar conforto a quem precisa. Nas esquinas de grandes cidades onde estão sediados, com um simpático caldeirão vermelho, os voluntários do Exercito de Salvação cumprem de forma nobre a missão de ajudar idosos abandonados, mães solteiras, famílias carentes, crianças sem lar. Uma missão que já é tocada desde 1865 no mundo todo, graças a benevolência do casal William Booth e Catherine Mumford, em Londres.

No Brasil, o Exercito de Salvação chegou em 1922, em São Paulo, travando uma verdadeira cruzada em favor dos mais necessitados. Usando de forma comedida a publicidade a seu favor, a organização protestante era capaz de trazer mensagens de efeito, seja na TV, rádio ou revistas, como esta de 1970. O Exército não se restringe ao natal, é verdade, mas é nesta época do ano em especial que a atuação dele torna-se cada vez mais necessária.

Em Santa Catarina, o Exercito de Salvação está presente apenas em Joinville, com um quartel-general em um espaço próximo a Expoville.


Campanha Educativa do Leite (1971): A mais nutritiva das bebidas

(Reprodução / Oswaldo Hernandez)

Você abusa de toda a sorte em alimentos e vícios, hora de dar uma pausa para o organismo: Beba leite! Pode parecer uma atitude corriqueira e até infantil, mas acredite, poucas pessoas sabiam exatamente dos benefícios que ingerir o mais nutritivo dos líquidos poderia trazer. Lançada no início dos anos 70 numa iniciativa de vários produtores brasileiros, a campanha educativa do leite visava incentivar o consumo da bebida, rica em nutrientes e propriedades desintoxicantes, além de fomentar a produção e compra do produto (claro, tinha seu fundinho comercial, como a do café).

Conhecido por ser uma fonte máxima de cálcio e um braço-direito na prevenção da osteoporose, o leite é uma bebida de suma importância para o desenvolvimento e manutenção da boa saúde. Naqueles idos dos anos 70 – especialmente no ano desta propaganda, 1971 – ainda nem sabíamos o que era o leite em caixinha. Se você desejava consumir leite, ou comprava-o em pacotes plásticos ou fazia como muita gente fazia desde muito tempo: Adquiria-o em garrafas retornáveis que eram trocadas na porta de casa todo dia, como fazia a Frigor em Blumenau.

Lembrando sempre daquele recado da Cia. Jensen, que vinha impresso na garrafa: Não beba leite cru nem cozido, beba leite pasteurizado. Quem quer saber mais sobre as propriedades e quantidades recomendadas para uma dieta de leite, o site Minhavida traz tabelas úteis e informações para o consumo da bebida.


Cerveja Polar (1971): A preferida do bom gaúcho

Em todo o canto do país, a briga de foice entre marcas como Antarctica, Skol, Brahma, Kaiser e outros rótulos de cerveja chega a ser discussão na mesa dos botequins e rodas de amigos da vida. No entanto, há um lugar no Brasil que não abre mão do rótulo mais tradicional, feito na própria querencia, se assim entenderes: Gaúcho que é gaúcho não abre mão da boa e velha Polar.

O anuncio em questão avisa da chegada da cerveja gaúcha no sudeste, fazendo, segundo conta, balançar o coreto diante as marcas tradicionais. Criada em outubro de 1929 na cidade de São Martinho, o rótulo é o mais antigo dentre as marcas hoje de posse da AmBev, que tem no seu cast nomes consagrados no país, como Brahma, Antarctica e Skol, a nomes internacionais como Budweiser, Miller, Stella Artois e Quilmes.

No entanto, quem quer apreciar a Polar não vai encontrar a marca fora das cercanias do Rio Grande. Um dos tantos casos de produtos regionais de alta popularidade (como Guaraná Jesus e Baré), a cerveja chegou até a trocar a frase for export impressa no rótulo por no export, numa inteligente jogada de marketing. Se você é gaúcho e está vendo este post, diga como é a sensação de se tomar uma boa e gelada Polar (e aceitamos doações).


Estrela (1972): Para as crianças com senso de adulteza

Hoje, se fala muito na tal da adultização precoce das crianças, cada vez mais desejosas de produtos que não correspondem com a idade que tem. Brinquedos estão sendo cada vez mais trocados por equipamentos eletrônicos, contando-se ai notebooks, smartphones, games, isto fora as roupas com cara mais de adultos do que de crianças. Um caos silencioso.

Talvez a Estrela, a mais clássica das marcas de brinquedos do Brasil, já sabia do que nos aguardava lá no distante 1972. Numa geração cada vez mais ligada na TV e querendo imitar os pais, a preocupação com estes distrativos nocivos já era uma realidade. O próprio anuncio conta do que um bom brinquedo, aquele que a criança tanto desejava, também era uma espécie de educador para a vida, muito além do distrativo e estimulante da imaginação que o era. Quem é adulto hoje não esconde a lembrança de brinquedos e brincadeiras que hoje fazem tanta falta.

Para quem não acredita no que digo, e no que a Estrela profetizou, vale sempre a frase que abre este anúncio: Não deixe seu filho ser adulto antes do tempo. Fica a dica.


Antarctica (1972): Uma pergunta clássica das mesas de bar

Não minta! Você que tem mais de 40 já deve ter ouvido esta pergunta, mesmo que brincando, de algum amigo seu: Viemos aqui pra beber ou pra conversar? Esta inocente questão partiu de uma das campanhas mais clássicas da sempre clássica Ceveja Antarctica, que nesta época tinha como garoto-propaganda um mito do samba e um amante da vida boêmia: Adoniran Barbosa.

A clássica pergunta virou mote até para uma propaganda bem divertida, com trilha cantada por ninguém menos que os Demônios da Garoa. Isto em 1974:

O mote seguiu até fins dos anos 80 nas propagandas da Antarctica, e ainda hoje é repetido em bares e botecos da vida pelos quarentões de plantão, loucos para matar a sede com uma boa gelada.


Guaraná Trop (1972): Desafiando a Coca-Cola de frente

Um produto mineiro, sendo vendido e bebido na terra da Coca-Cola, e ainda fazendo publicidade tirando aquele sarro direto com o slogam da própria Coca? Ousadia pouca é bobagem, mas para uma empresa vinda de fora do eixo Rio-São Paulo e relativamente novata, era o famoso tapa com luva de pelica na clássica bebida negra. Fundada em 1968 por Hermógenes Ladeira na cidade de Vespasiano, a Cia. Alterosa de Cervejas era aquela que pretendia desafiar os grandes rótulos, especialmente buscando fazer o nome fora do país com um produto genuinamente brasileiro: O guaraná.

Segundo a publicidade, a empresa firmara um contrato com um engarrafador no estado americano do Colorado para fabricação, envazamento e distribuição do guaraná Trop, exaltando que este processo nunca acontecera com nenhum refrigerante no Brasil. O refrigerante foi o primeiro produto da empresa, que só começou a produzir cervejas apenas nos meados dos anos 70. A Cia. Alterosa não duraria muito, seria comprada pela Antarctica em 1980, já as latas e garrafas de seus produtos – inclusive o do guaraná Trop, são verdadeiras relíquias para os colecionadores de latinhas, garrafas e antiguidades.


Colorado RQ (1973): A TV mais popular da Copa

Em 1970, uma nova marca surgiu de supetão no mercado nacional de televisores, pegando de surpresa empresas tradicionais no ramo: Na onda da Copa no México, a Colorádo Radio e Televisão S.A. colocava no mercado a até hoje lembrada TV Colorado RQ, que mais tarde seria também uma das primeiras a ser vendida a cores no Brasil. A marca soube se vender bem no período da Copa do Mundo, ganhando grande popularidade pela qualidade e custo acessível a quem ainda sonhava em ter uma TV na sala.

A Colorado, no entanto, não era a pioneira em fabricar uma TV com marca 100% criada e desenvolvida aqui. Em 1952, sob iniciativa de Bernardo Kocubej, a Invictus era a primeira empresa totalmente nacional a produzir os aparelhos, também sendo muito popular na época. A Colorado RQ desapareceu em fins dos anos 70 das prateleiras das lojas, permanecendo apenas nas memórias de quem conheceu uma televisão através dela.

E uma curiosidade, você que sempre se perguntou o que significava o RQ ai vai: Era a chamada Reserva de Qualidade, enaltecida em comerciais da Colorado RQ como este abaixo, do início dos anos 70:


DNER (1975): Alcool e volante, um antigo problema

Em meados dos anos 70, a mistura alcool e direção começava a assustar pessoas e rechear as estatísticas com acidentes mortais nas várias estradas e centros urbanos brasileiros. O problema foi destaque pela primeira vez na edição de agosto de 1968 da popular revista Quatro Rodas, onde pela primeira vez no Brasil era aplicado o chamado alcooteste, ainda rudimentar, usando-se de ampolas com reagentes que, em contato com o sopro da cobaia, mudava de cor caso quem estivesse no teste tivesse tomado algum tipo de etílico.

Apesar de pequeno com relação ao número de motoristas avaliados, os números eram alarmantes: Cerca de 40% dos condutores submetidos ao alcooteste tomaram, ao menos, um trago durante a viagem, e isto apenas em um pequeno momento de abordagem de automóveis na Rodovia Presidente Dutra, em São Paulo. Ainda hoje, e cada vez mais, a preocupação em se conscientizar o risco de dirigir depois de beber é uma constante… E ainda se morre por algo que tão fácil poderia ser evitado.

E, alias, a campanha em destaque é assinada pelo antigo DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem antigo órgão de administração das estradas nacionais, que seria sucedido muitos anos depois pelo atual DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.


Fiat Diesel (1977): Antes dos carros, caminhões

Este ano, a Fiat completou 40 de lançamento de seu carro 100% próprio: O FIAT 147, um dos tantos símbolos das estradas cidades brasileiras naqueles idos. No entanto, não foi com carros que a tradicional fábrica italiana de automóveis de Turim entrou com seu nome do Brasil. Três anos antes do lançamento do 147 no país, a marca italiana assumia o controle acionário da Fábrica Nacional de Motores – a FNM ou fenemê para os íntimos – passando a emprestar parte da tecnologia na produção de veículos pesados a empresa de Xerém, responsável por fabricar desde 1946 alguns dos mais clássicos caminhões do passado do transporte.

A FNM começou produzindo motores aeronáuticos em 1942, no cerne da Segunda Guerra, passando aos caminhões pesados em 1946 e, a partir dos anos 50, a fabricar carros, caminhões e chassis pesados sob licença da Alfa Romeo. A aquisição de parte do controle acionário da FNM pela Fiat se deu em 1973, quando a fenemê já estava em processo de renovação da linha. O último produto lançado com o dístico FNM foi o modelo leve 70, logo também passado a chancela da Fiat, que assumiria o total controle da fábrica de Xerem em 1976.

Os modelos da FNM seriam produzidos até 1979, sob selo Fiat, quando os substituiu pelo moderno caminhão 190. A produção de caminhões Fiat iria até 1985, quando a Iveco – que administra a divisão de pesados da marca – descontinuou os modelos fabricados no Brasil por não ser mais uma operação lucrativa. Ela retornaria apenas em meados dos anos 2000, com a linha de furgões e caminhões leves, semi-pesados e pesados.


Arno (1978): A mais genial (e sonhada) batedeira

Nove em cada 10 donas de casa que adoram fazer doces sonham com ela, mas quase nenhuma sabe como ela surgiu no imaginário popular. A batedeira planetária é aquela mão na roda em quem, muitas vezes, não aguenta ficar girando o pote em torno da batedeira de mão, além de ser muito mais segura e prática. A Arno foi a primeira a trazer esta tecnologia ao Brasil, justinho no ano deste anuncio: 1978. Dalí para cá, a planetária tornou-se item de cobiça entre muitas mulheres país afora.

A primeira batedeira que se tem notícia foi inventada por Herbert Johnson em 1915 como forma de facilitar o trabalho dos padeiros, cansados de sovar massas com os punhos. Os primeiros modelos, vendidos pela Hobart Manufacturing Company (que também desenvolveu a ideia) eram bem caros, custando o equivalente a valores de hoje a bagatela de US$ 2000. As batedeiras de padaria seriam comercializadas ao grande público apenas em 1918. No Brasil, a batedeira – ainda de mão – só chegaria por aqui 40 anos depois, em 1958, também pelas mãos da Arno.

Já o modelo de giro planetário – chamado assim por permitir a rotação da pá misturadora em torno da tigela além do movimento comum da misturadora – surgiu nos idos de 1919 pelas mãos da clássica KitchenAid, que as fabrica com quase o mesmo design consagrado (e desejado) até hoje.


Campbell (1978): Um clássico amerciano no Brasil

Basta olhar para a lata e ver, nela, um dos ícones do século XXI. Imortalizada por Andy Warhol e um clássico nas mesas da terra do tio Sam, as sopas Campbell’s talvez sejam o retrato do que há de mais saudável em matéria de comida enlatada no mundo. Criada em 1895 no seu formato mais tradicional – a sopa de tomate – a sopa enlatada Campbell’s era apenas um dos produtos da linha fabricada pela empresa de Joseph A. Campbell, fundada há 26 anos antes, e é vendida nos EUA como uma espécie de lanche alternativo, nutritivo e estimulante do consumo de vegetais. É vendida, atualmente, em 120 países mundo afora.

Nos primeiros anos de lançamento, o produto era muito acessível e fácil de preparar. Mas o que marca mesmo no produto é o design da lata, que tem também sua história especial. Muito além da lata redonda simples, o significado da coloração tem como origem as cores do time da Universidade de Cornell, de Nova York, da qual o designer do rótulo – Herberton Williams – era fã.

Saudável ou não, boa alternativa de comida rápida ou não, a Campbell’s chegou ao Brasil em 1978, na tentativa de emplacar-se também como marca popular de comida pronta, rápida e nutritiva. São várias as variações da sopa original, desde feijão, sopa de vegetais, de carne, frango e tudo mais que vier na cabeça. No entanto, diferente dos vizinhos do norte, a Campbell’s ainda é um daqueles artigos de luxo que só quem tem sorte de achar e cacife de comprar pode desfrutar.


Hering (1979): A gigante dos brinquedos de Blumenau

(Reprodução / Oswaldo Hernandez)

Das harmônicas e acordeons de Alfredo Hering, famosas desde 1923, a cidade de Blumenau assistiu, na mesma tradicional fábrica da Rua São Paulo nascer uma gigante dos brinquedos. Em meados dos anos 60, a Fábrica de Gaitas Alfredo Hering também começou a investir em brinquedos, especialmente os musicais, que se tornariam clássicos entre as crianças daqueles idos. Os acordeons eram os mais populares, sendo vendidos por bons preços nos Mercado Livre da vida.

Em 1974, a Hering chegou a firmar uma parceria com a marca argentina Rasti para a fabricação de brinquedos de montar, tal como o Lego. No entanto, a empreitada no mundo dos brinquedos quase arruinou a marca blumenauense. Em 1986, o controle acionário da fábrica de brinquedos passou as mãos da Trol. Ambas não resistiram a crise econômica do Brasil no início dos anos 90. Por anos, o prédio na confluência das ruas São Paulo, Bahia e Cel. Ferdesen permaneceu abandonado, sendo retiro para andarilhos e viciados.

A fábrica original desapareceu em meados dos anos 2000, dando lugar a Praça dos Músicos Alfredo Hering. Já a fábrica ressurgiu em 1996, pelas mãos do empresário ítalo-paulista Alberto Bertolazzi. Hoje, as harmônicas fabricadas pela Hering são algumas das melhores e mais procuradas harmônicas do mundo.

Do tempo áureo de fabricação de brinquedos, restou um comercial de fins dos anos 70. Veja:


Volkswagenwerk / Chrysler (1979): O início do fim dos Dodge

Era o fim de uma era de luxo, cobiça e sonho. Depois de exatos 12 anos no Brasil, fabricando modelos de luxo, pequenos e caminhões pesados, a Chrysler começava o processo de término das suas atividades no Brasil. Ela chegou por aqui em 1967, ocupando o lugar da Simca, da qual havia adquirido o controle acionário e que começava a produzir carros sob sua chancela no país. O Esplanada foi o primeiro, oriundo de um projeto da própria Simca.

Durante o tempo que esteve no Brasil, os dojões foram os carros que moviam os sonhos de muita gente. Desde os grandes Dart coupé e sedan ao poderoso Charger R/T, o mais rápido em linha do Brasil (pouco mais de 180 Km/h). Na reta da produção também chegava, em 1973, o Dodge 1800 (posteriormente batizado de Polara), responsável por trazer aos modelos de médio porte o mesmo luxo dos carros grandes. Isto fora as linhas de leves e pesados (picape D-100 e os caminhões D-400 e D-700) que também passavam pelos caminhos da marca em São Bernardo do Campo.

Em 1979, ano em que o processo de passagem de mãos para a Volkswagen iniciara a linha tinha, além de Charger, Dart e Polara, os também luxuosos LeBaron e Magnum. Em 1981, a Chrysler era totalmente absorvida pela Volks, que usaria suas instalações para a fabricação de caminhões. O Polara GLS foi o último Chrysler lançado no Brasil, também em 1981

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