Vou dar uma triscada na minha infância, talvez um dos recortes mais doces (e doce, nesse caso, é ótimo) daqueles idos. Quando voltava pra casa durante a tarde depois de meu pai abrir a casa após o sono. Trabalhando no segundo turno, dá nisso, a soneca ia até o começo da tarde.
Pelas 17h, eram dois seres divididos na frente da velha Philco-Ford comendo café com biscoito (ou bolacha, como queira). Depois da “Escolinha do Professor Raimundo”, mandava a Silvia Poppovic pros quintos e babava assistindo com ele um game-show que transformava o supermercado no lugar mais divertido do mundo: “Supermarket”, da Band.
Comandado pelo filho do Renato, o maluco Ricardo Corte Real, era uma vitrine mais do que óbvia de produtos de mercearia, com marcas como Cica e Perdigão desfilando seus rótulos. Eram três duplas que disputavam o prêmio de alguns mil dólares (à época, o Real ainda era ilusão financeira) entre perguntas, compras alucinantes e charadas de torcer a cuca.
A fase Band foi de 1993 a 1998, sendo continuado na Record entre 2000 e 2001 dentro do vespertino “Note e Anote”, sem muito sucesso. Era uma versão do americano “Supermarket Sweep”, com aquela pitada de graça brasileira e aqueles slogans que qualquer viciado em TV gravava na cabeça depois de algumas horas.
E aquele detalhe sórdido: nos tempos de inflação como os primeiros anos, era uma tentação para qualquer um comprar sem limites na hora da “super corrida”.
Nostalgismos destes tão misteriosos anos 1990, quando a infância era movida ao “rancho” na televisão.
Saudades, gostosas saudades do supermercado dos sonhos…