Dizem que a gente aprende certas coisas da vida nos lugares mais incomuns. Quando pequeno, a companhia na hora da leitura eram os gibis, ou os “patos”, as revistinhas eternas da Editora Abril com as aventuras do mundo de Walt Disney, sobretudo de Patópolis e seu ilustre ricasso: Tio Patinhas.
E acredite, foi por causa de uma jogada de negócio do pato mais rico do mundo que conheci uma das figuras da lei de bens mais comuns dos livros: o usucapião. A leitura da lei é mais profunda e complexa, mas é simples: trata-se da aquisição de um bem móvel ou imóvel de outrem por um longo tempo e que, não havendo manifestação do dono em tempo hábil, o requerente toma posse como seu dono.
Captou? Ainda não entendeu? A história em questão é mais uma das tentativas de Brigite, pata solteirona apaixonada pelo magnata, de fisgar o coração do velho Patinhas. E num momento de necessidade do pato por um terreno de propriedade dela para seu futuro shopping center, apela para esta figura da lei para tomar o terreno de Brigite antes que ele coloque nele uma aliança de casada e use o pedaço de terra como dote do matrimônio.
“O Casamento do Tio Patinhas” é um daqueles recortes da infância muito vívidos na mente e a forma como, aos seis anos de idade, captei o funcionamento do usucapião me espanta até hoje. Quem quiser ler a história pode procurar ela no Google que acha, mesmo se precisar de aplicativo específico para leitura de quadrinhos.
Eu garanto! Vale a pena, mesmo que o final dela é um coração quebrado por uma lei imobiliária em nome de um empreendimento. Esse Patinhas… 🌻🌻