Eu era um dos saudosos que, nas noites de domingo, ligava a TV ansioso depois do Fantástico para ver um senhor de suspensórios perder as estribeiras com sua família ora arrogante ora maluca num metro quadrado de luxo herdado de um falecido brigadeiro da marinha.
Hoje, um domingo, soube que alguém estendeu as faixas pretas na porta da casa do brigadeiro Sayão e o querido sindico do Arouche mudou para a cobertura. Perdemos a figura cômica e sorridente de Luís Gustavo, um de meus atores preferidos na teledramaturgia, ao perder a batalha contra um câncer no intestino, aos 87 jovens anos.
Sueco de nascimento, Luís foi, antes do solteirão Tio Vavá de “Sai de Baixo”, uma espécie de revolucionário: foi ele que deu vida ao fantástico Beto Rockfeller na TV Tupi (1968), que quebrou a linha dos roteiros de dramalhões importados e impôs a linguagem da rua, do dia a dia, como forma de fazer novela. E acredite, até chegar no também marcante Mário Fofoca, nos anos 1980, foi difícil largar o rótulo de bicão setentista.
Era no humor que ele se encontrava, e por isso não era difícil entender que sua figura imponente sempre trazia um ar leve, ate mesmo quando incorporou o pioneiro anti-herói querendo se dar bem na emissora dos Chateaubriand. Pena que o encontrei na TV muito tarde, se formos analisar, mas para muitos, o velho Vavá e sua busca por uma companheira de vida foi talvez a mais sorridente lembrança de Luís na sua passagem na telinha.
É… por mais que queremos, aqueles caras que marcam a nossa infância vão se indo com o tempo. Talvez hoje, as coisas fiquem mais calmas pelos lados do Arouche, como não queríamos, como Cassandra não gostaria, como aquela família não gostaria. A vida segue, mas esquece-lo? “Aqui, farroupilha!” 🌻🌻