GRAINING & MARBLES #Especial | Frank, um bom teimoso

Dizem que, se você é um teimoso, você vence. Eu sei como é isso nas minhas batalhas dentro da comunicação: chegar onde cheguei não teve padrinhos nem vantagens, teve pessoas que acreditaram e você e na teimosia que você carrega consigo, sobretudo pra vencer e querer ir mais longe sempre lembrando de onde veio.

Caramba! Como essa história é parecida como a de Frank Williams. Jovem piloto frustrado, amante incurável de velocidade e um teimoso cabeça-dura que queria por que queria viver da velocidade. No começo, perdeu um piloto quando tudo tinha para dar certo. Gastou cifras aos tubos e jure quem viu ele pagar um mecânico com o relógio do próprio pulso tirado na hora.

Mas quem espera, sempre alcança, já dizia aquele samba famoso. Os árabes apareceram e a verba não mais faltou. O resto foi pura concentração de esforços e inteligência para, enfim, viver o sonho de todo “racer”: vencer, ser um entre os grandes. Em 1979, a primeira vitória veio na pista de casa, com os aplausos de toda a gente que o viu crescer. Um ano depois, o título, a sagração máxima e o recado do que viria em seguida.

Clay Regazzoni levanta o punho. A primeira da Williams diante de um Silverstone lotado, em 1979 (Reprodução)
Com Alan Jones: o primeiro campeão (Reprodução)

Frank, um bom teimoso, um vencedor pela persistência. Nem mesmo a cadeira de rodas que virou sua companheira depois de um acidente automobilístico pavoroso tirou a energia do chefe pé-quente e porte atlético que estava se acostumando a vencer. Sua presença na garagem era a imagem pura de um “racer”, um garagista raiz com sangue de petróleo e pele de pneu, rodeado de torcedores acompanhando com ele volta a volta de suas criações.

Com seu sobrenome, sete pilotos foram campeões mundiais, seu sobrenome estampou nove títulos de construtores, 114 vitórias, 312 pódios, 128 poles, 133 voltas rápidas. Com seu sobrenome, seis brasileiros guiaram suas obras, sendo destes dois campeões mundiais e um deles campeão com uma máquina sua. Sem contar que nesta galeria de numeros e momentos estão verdadeiras obras da engenharia e tecnologia da categoria, além da gratidão maior de legendas da velocidade como Honda, Renault e BMW por grandes e inesquecíveis êxitos.

Seis brasileiros correram com seu sobrenome: Piquet (acima) foi campeão com sua bênção em meio a guerra interna. Já Senna (abaixo) não teve tempo de degustar o sonho de correr para Frank (Reprodução)

Mas debaixo de todo corporativismo e política da categoria, corria eles um autêntico “racer” onde fosse e estivesse. Frank foi teimoso, e talvez a teimosia em agir como um garagista o levou a situação de decadência e, hoje, recuperação de seu histórico sobrenome. Quando percebeu a hora, deixou o leme na mão da filha e, anos depois, foi a família que deu as mãos para retirar-se da cena e deixar a F1 que tanto amou e fez.

Frank Williams é uma instituição, e hoje morre um ser humano, mas não uma história e um exemplo de persistência. Os bons teimosos são aqueles que vencem, alcançam suas metas pelo que são e sonham, e que quando vencem viram exemplo e ensinam novas gerações de vencedores.

É um capitulo enorme de uma história que se fecha, mas o exemplo do bom teimoso Frank continua nos corredores dos boxes. Ninguém vence sem ser teimoso, o bom teimoso como foi o teimoso Frank. 🌻🌻

(Reprodução)

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