(Lucas “Luke” Baldin & André Bonomini)
Hello, Videotapers! Tudo bem com vocês?
Hoje, venho junto com meu chefinho Bonomini para contar sobre algum carnaval marcante que já vivemos (um carnaval que ainda não vivemos é meio difícil contar, *risos*). Quem acompanhou a postagem passada, onde eu falei sobre o cartoon brasileiros Historietas Assombradas (Para Crianças Malcriadas), deve ter percebido que eu anunciava a postagem de agora com o assunto Clube do Terror.
Peço desculpas, por que agora vamos interromper a programação para a passagem do Bloco Videotape! Na semana que vem, sem falta, falo sobre o seriado que eu curto horrores – o Clube do Terror. Assim como nos especiais de Halloween e Natal, Lucas depois André. Combinados assim? Então partiu!
Xuxa on fire!
(Luke Baldin)
Minha memória mais marcante de carnaval tem a ver com o especial do Xuxa Park de 2001 que nunca foi exibido. Na gravação do programa que iria ao ar no dia 11 de janeiro de 2001, semana do carnaval, um incêndio interrompeu o andamento da atração. Isso gerou todo um burburinho, pois além daqueles que acreditavam no lógico um problema técnico, havia quem pensava que aquilo era um hello do miguxo capiroto.
Pra quem não sabe, dos anos 80 para 90, nasceram as lendas urbanas que de trás pra frente as músicas da Xuxa escondiam mensagens diabólicas. Mas na real, para mim não passa de lenda. (P.S.: Nunca tive coragem de eu mesmo averiguar os boatos).
Para embalar o texto escute, se tiver coragem, a versão de ilariê que tocava no momento do incêndio:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=fIqX6zY9erE]
Aparentemente era apenas mais uma gravação normal, com tema carnavalesco e o cenário adaptado a carater. Entenda que o Xuxa Park foi um programa de sucesso não só no Brasil, mas também na Espanha. Por falar nisso, foi lá na Espanha que nasceu o Xuxa Park. Em 1993 uma emissora espanhola trouxe a rainha dos baixinhos para um programa dominical em horário nobre. A estréia arrebentou em audiência e chegou a ser reprisado em uma quinta feira superando a audiência da estreia no domingo (que já tinha sido alta).
Voltando ao Xuxa Park do Brasil, vamos contextualizar: O cenário passou por várias versões e a última se tratava de uma redoma branca que se abria para receber a nave da Xuxa, que remete a uma fênix. No parque tinha a roda gigante que era um dos brinquedos principais do cenário, além de outras atrações para os baixinhos que visitavam o park aproveitarem.
A questão é que após o incêndio que cancelou o programa, a perícia verificou que a cenografia da atração global que ocupava os sábados de manha havia sido elaborada com material inflamável. Que capeta o que! Tá mais pra Lei de Murphy! Se algo pode dar errado este algo vai dar errado! E foi isso o que aconteceu. Faltando cinco minutos para o fim do programa e pra saída típica da Xuxa, o domo que para a ocasião carnavalesca foi redecorado e estava todo colorido ficou fechado.
Agora raciocine comigo, caro leitor. A nave que estava dentro do domo provavelmente estava acesa, esquentou, auto-aqueceu, derreteu e o pingo inflamável começou o incêndio. Achei reportagens sobre o acidente que é levantando uma hipótese tipo essa que falei.
Nessa reportagem pela record você entende de forma mais técnica o chabu que deu. Foi dessa reportagem que elaborei minha teoria.:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=X2nO9mXkX00]
André, agora é contigo. Qual é a sua lembrança do carnaval?
Portela: O dia que a águia azul-e-branca pousou em meu coração
(André Bonomini)
Pois então, Luke, caro funcionário, vamos continuar relembrando em meio aos confetes e serpentinas, pois é o que mais vale nestes tempos onde para evitar a muvuca o melhor é fazer a folia na lembrança!
Amigos e amigas, carnaval nunca foi de meu interesse. Embora seja apreciador do bom samba de outros tempos – como Adoniran, Originais, Demônios e outros mitos – ficar vidrado em confete e serpentina, pular tresloucadamente no meio da muvuca e abusar de qualquer coisa (como o álcool) não é minha praia. Tem quem diga que já se foi o tempo que o carnaval era uma agradável festa. E eu digo exatamente a mesma coisa.
Apenas uma única vez na vida fui a uma festa de carnaval. Foi aos cinco anos de idade, quando a patota que meu pai jogava nos fins de semana fez uma festa de carnaval no salão de festas da associação de funcionários da filial blumenauense da Souza Cruz. Lembro que fui fantasiado de um não-sei-o-que, com um chapéu e uma gravata borboleta de plastico e uma mascara plastica a lá Batman. Foi bem divertido, admito, mas depois disso nunca mais quis saber de folia tresloucada. Ser mais cancheiro faz parte de mim mesmo.
Mas há, entre as coisas que vivi nesta breve e iniciante vida, uma lembrança que me faz sempre lembrar do carnaval de uma forma bem especial. Para isto, preciso voltar brevemente em 1998, quando tudo ainda era mais inocente, o Brasil vivia a febre das privatizações, era tetracampeão sonhando com o penta e sofria com um salário baixo, refazendo-se ainda da crise dos anos 80. Para fugir do que afligia o brasileiro naquele começo de ano nada mais comum do que a fuga para a folia, especialmente para os cariocas, onde quase todos nascidos no Rio de Janeiro vinham com a festa circulando nas veias.
Foi naquele ano, inocente, que descobri-me admirador de uma das mais tradicionais e poderosas escolas de samba do país: A Portela. Nascida em 1923, a escola é um patrimônio vivo do samba brasileiro, mais especialmente do carioca, tendo na sala de troféus 21 titulos do carnaval na cidade maravilhosa, uma marca imbatível até hoje. Muito além de ser um titã neste esporte de fevereiro, a Portela também foi responsável por inovações nos desfiles, como colocar na pista a primeira alegoria, a primeira comissão de frente, o primeiro samba-enredo e fantasias totalmente adequadas ao tema.
Apesar de todo o poderio que tem ao entrar no sambódromo, a escola não vê um título no carnaval desde o distante 1984, com o enredo Contos de Areia. Este ano foi marcante pela estreia oficial da Marquês de Sapucaí, onde até hoje os desfiles são feitos. Ela foi a primeira campeã na era do sambódromo, mas desde então nunca mais viu o trofeu maior, entrando ano após ano atrás de retornar a glória.
Pois bem, voltando a história, eu tinha sete anos apenas e mal sabia o que era um desfile de escolas de samba. Naquele ano, não sei por que cargas d’água me empolguei em ver o desfile no Rio de Janeiro. E assim foi ao menos até as três da madrugada, resistindo ao sono e fazendo o possível para não dormir. Cai depois de algum tempo, por ordem de minha mãe.
Naquela terça-feira chovia medianamente, e mesmo assim ainda brincava com minha pequena bicicleta ao redor de casa. Meu pai saíra cedo, mesmo com sono depois da madrugada de trabalho, e com a chuva lá fora, mamãe me chamava para dentro de casa para ver o compacto do desfile daquela noite/madrugada anterior que eu havia tentado assistir na íntegra. Naquele tempo, os compactos da Globo duravam quase a tarde toda, e aquele começava logo depois do Video Show, indo acabar antes da Malhação. A oferta de um sanduíche de mortadela, margarina e pepinos em conserva foi o suficiente para me convencer (a gente se vendia por pouco, admito!).
Sentado, acompanhava a mãe vendo os desfiles e me maravilhando com o que assistia. A transmissão, locutada muito bem pelo sumido Fernando Vannucci, passeava pelas escolas enquanto eu, inocente, fazia um desenho qualquer em uma das minhas folhas de papel. Mamãe bordava ponto-cruz enquanto falava que a escola favorita dela era a Império Serrano, apenas porque gostava do nome. Neste clima até acabei trocando termos, soltando um mestre-bandeira e porta-sala em vez de mestre-sala e porta-bandeira.
Foi ai que entrou a Portela, a última daquela noite, sempre pomposa como tanto, ostentando um enredo que muito me encantou naquele momento: Os Olhos da Noite. Trazia a passarela todo o oculto, o mágico e misterioso clima noturno que fazia os seres humanos serem outros seres movidos pelos segredos que levavam na penumbra. Um dos carros, que bem lembro, parecia um grande cabaré, com os figurantes fantasiados a caráter. Isto tudo seguindo o grande cartaz da azul-e-branco: A poderosa águia, simbolo maior da escola.
Vale lembrar, o samba que puxava a escola naquele ano faturou o tradicional Estandarte de Ouro, do jornal O Globo. Apesar do belo carnaval, a Portela ficou apenas em quarto no resultado final, tendo ao menos o direito de repetir a festa no Desfile das Campeãs, no domingo seguinte.
Veja só como foi o desfile da Portela em 1998 (repare no carro A Fauna da Noite, pelo qual comentei acima):
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=o21A9P7qZQI]
Pronto! Foi o suficiente para eu encasquetar e tomar a Portela como minha escola favorita, tal como é até hoje. Como vascaíno de coração que sou, a tendencia era ser favorável a Unidos da Tijuca, com ligações umbilicais com o Gigante da Colina amado meu… Mas, o poderio, a história e o encanto que só a azul-e-branco traz a passarela fez-me simpatizar com a agremiação de Oswaldo Cruz. Mesmo não dando muita trela para o carnaval, não resisto a mover minha curiosidade para saber o que a Portela vai trazer para a passarela, em mais uma tentativa de trazer o caneco para a quadra consagrada que tem.
E assim o farei este ano, esperando a água entrar novamente na passarela. Pode não ser a história mais encantadora para se gostar de uma escola de samba, pode não ser o conto que atrairia a atenção do professor Carlos Alberto Silva, grande amigo dos tempos de IBES e talvez o bamba de Blumenau, mas tudo bem, o carnaval tem seus mistérios e eu ser Portela não chega a ser mistério, mas um grande apreço por quem escreve a história do samba carioca com letras douradas a cada ano, independente de ter caneco ou não.
Deus salve a Portela… ou melhor, que os orixas salvem a Portela! E vamos nós, enquanto houver samba e água para voar…
Seria isto… Obrigado amigos!
Luke e André para A BOINA… encerrando a transmissão! Boa folia!