Videotape n’A Boina nº45 – (Double Special) Halloween com Scooby-Doo

É Dia das Bruxas (31/10), e o VTnaB entra no clima dos sustos relembrando o mais imortal dos clássicos de mistério, comédia e monstros a solta: Scooby-Doo para as "Gostosuras ou Travessuras" do dia de hoje! (Reprodução)
É Dia das Bruxas (31/10), e o VTnaB entra no clima dos sustos relembrando o mais imortal dos clássicos de mistério, comédia e monstros a solta: Scooby-Doo para as “Gostosuras ou Travessuras” do dia de hoje! (Reprodução)

(Lucas “Luke” Baldin & André Bonomini)

Hello, Videotapers! O Dia das Bruxas está aí e essa é uma ótima oportunidade para eu sair de casa sem me sentir mal, pois eu não preciso me fantasiar com essa cara feia que eu já tenho. Seria essa uma brincadeira ou não? Cada um decide.

Mas enfim. Mais um Double Special, sim! Antes de mais nada, esse mês é aniversário de um ano do VTnaB. Na real já deveríamos ter passado da edição 50, mas devido a alguns contra tempos ficamos num hiato um pouco longo, não? Antes de prosseguir, quero deixar aqui o meu muito obrigado ao meu chefinho boinístico André e também meu agradecimento aos leitores que acompanham as edições aqui d’A BOINA.

Sem mais delongas… O tema de hoje: Vamos falar de Scooby-Doo! Dia das bruxas aí e é um bom tema a se dissecar. Tanto eu quanto André daremos nossas opiniões. Eu falando do Scooby-Doo clássico e dando pinceladas nas novas gerações (destruídas) do desenho, e André focando apenas no clássico e na trajetória através das quatro primeiras décadas da Mistério S/A. Então, vamos lá.

Pegue sua lanterna e já comece a procurar por pistas, vamos desmascarar mais um monstro!


Os garotos enxeridos e o cachorro idiota mais queridos dos desenhos

(André Bonomini)

Quase 50 anos de histórias, monstros, sustos e crimes solucionados. Se a Mistério S/A pode ser um exemplo de companhia de segurança bem consolidada isso com certeza pode ser uma grande verdade. Da mente enluarada de um pai de ascendência japonesa nasceria em 1969 um dos grandes clássicos de Hanna-Barbera e que atravessaria gerações de tal maneira que ainda hoje não sai da boca de quem ainda lembra das aventuras daqueles garotos enxeridos e daquele cachorro idiota, como definem os criminosos desmascarados pela turma.

Scooby-Doo foi uma obra literalmente em conjunto, tendo a frente a imortal dupla William Hanna e Joseph Barbera, que seguiam orientações do executivo da CBS Fred Silverman em busca de um show de animação que misturasse comédia e mistério. Hanna e Barbera ainda colhiam os louros de Os Flintstones e Os Jetsons, que revolucionaram a TV trazendo uma animação para o horário nobre, em forma de sitcom. Para a tarefa eles ainda contavam com a ajuda dos roteiristas Joe Ruby e Ken Spears, além do desenhista que, hoje, é considerado o pai da turma: O nipo-americano Iwao Takamoto.

Talvez você nunca tenha o visto na vida, mas foi deste nipo-americano a origem da turma mais famosa do mundo dos mistérios: Iwao Takamoto, responsável pelos traços de Scooby-Doo (Reprodução)
Talvez você nunca tenha o visto na vida, mas foi deste nipo-americano a origem da turma mais famosa do mundo dos mistérios: Iwao Takamoto, responsável pelos traços de Scooby-Doo (Reprodução)

Bingo! A fórmula estava armada: Uma turma de adolescentes que anda por vários lugares junto de seu cachorro – um gigante Dogue Alemão criado bem fora do padrão da raça – mergulhando de cabeça em mistérios cabulosos e que, no fim, acabam com os tais monstros (que por vezes pretendiam expulsar pessoas ou fazer as vítimas desistirem de algo) desmascarados com detalhes surpreendentes. O que restava ao grupo era o nome do personagem principal, o gigante cachorro marrom, e ideias não faltavam, nenhuma dando o efeito desejado.

Pois entre um café e outro, eis que Frank Sinatra deu a faísca. Quem diria, ou poderia acreditar, que o inocente dooby dooby doo, presente nas estrofes de Strangers in the Night de Mr. Sinatra seria a origem do nome do simpático Scooby. Foi quase que por acaso, numa viagem a negócios de Fred Silverman para Los Angeles, quando a canção tocou no radio do avião e consumiu a cabeça do executivo da CBS. Pronto, bastou esta pequena centelha para Fred desembarcar, chegar no grupo de trabalho e bater o martelo até mesmo quanto ao nome do seriado: De Who’s Ssssscared? Para Scooby-Doo, Where Are You?.

Os anos 70 foram rasgados pela trupe da Mistério S/A. Mesmo com as tantas criações de Hanna-Barbera – seja no mesmo estilo de mistérios ou no mesmo formato de animação – Scooby-Doo não saiu das mesas dos animadores, renovando por vezes e vezes as aventuras, os mistérios, mas nunca perdendo a essência conseguida, principalmente, na combinação dos personagens que tinha, cada um deles com características únicas, marcantes, e que rodavam as aventuras em torno de Scooby, em sequencias únicas de ação, risos e finais felizes.

Primeiro, o fiel parceiro de Scooby, Norville Salsicha Rogers, o rapaz esguio da camisa verde, comilão por natureza e covarde desde sempre, sendo ele e Scooby as principais cobaias das armadilhas plantadas por Fred. Falando nele, o valente Fred Jones, ávido por novos mistérios, bem chegado na bela Daphne e as vezes meio lerdo de raciocínio é um exímio criador de engenhocas para a captura dos criminosos, apesar de nem sempre elas correrem como o planejado.

Dispensa apresentações: A turma toda junta. Da esquerda para a direita Daphne, Velma, Salsicha, Fred e, claro, Scooby (Reprodução)
Dispensa apresentações: A turma toda junta. Da esquerda para a direita Daphne, Velma, Salsicha, Fred e, claro, Scooby (Reprodução)

O lado feminino da agência de mistérios não fica longe na mistura saudável da turma: A bela filha de milionários Daphne Blake, a qual já citara anteriormente, é sempre o alvo preferido dos monstros/fantasmas/criminosos, sempre acabando raptada. Mas não se engane pela aparência de patricinha de Beverly Hills, ela é bem esperta e por vezes consegue escapar dos raptores com soluções de dar inveja a qualquer MacGyver. Já a nerd do grupo, Velma Dinkley, é responsável por montar os quebra-cabeças dos mistérios com riqueza de detalhes e atenção as pistas, mas que em momentos é traída pelos óculos quando escapam da face.

De 1969 a 1991, Scooby-Doo passou por 19 temporadas, isto contando todos os shows produzidos sobre o personagem desde a primeira. Entre novos personagens, remakes e remakes, alguns bem acertados, bons filmes e furadas desnecessárias, como O Pequeno Scooby-Doo, de 1991, dentro do clima do chamado babyfication dos desenhos animados (personagens antigos de desenhos transformados em crianças). Uma pérola sem grande sucesso e que, talvez, tenha sido responsável pelo hiato da animação entre o início dos anos 90 e 2002, quando a Mistério S/A retornou a ativa. Isto sem contar os filmes em animação e live-action (quatro ao todo) e especiais que consolidaram o mais conhecido dos dogue alemão em uma marca de valor no mundo infantil.

Por trás de cada mistério, uma lição um tanto desapercebida em Scooby-Doo: Os verdadeiros monstros são os humanos que desejam fazer de tudo para alcançar seus fins inconfessáveis (Reprodução)
Por trás de cada mistério, uma lição um tanto desapercebida em Scooby-Doo: Os verdadeiros monstros / fantasmas são os humanos que desejam fazer de tudo para alcançar seus fins inconfessáveis (Reprodução)

Mas, muito além disto, Scooby-Doo carrega consigo muito mais do que um desenho animado inesquecível, que marcou gerações e mais gerações em todos os seus mais de 580 episódios em 28 temporadas (perdendo apenas para Os Simpsons). O que se entende, e muito bem, em cada mistério resolvido é que por trás de cada monstro inofensivo, de máscara de látex ou projeção mixuruca, esconde-se o maior de todos os monstros: O mau ser humano, aquele que quer, pelos meios mais sujos, atingir seus fins inconfessáveis. Coisa que nossa sociedade, tanto a de 1969 como a atual, sabe muito bem como é.

E por falar em sociedade atual, deixo com os amigos meu mais fiel funcionário e mais chato de galocha que conheço, Lucas Baldin. Ele dará a vocês uma ideia melhor das animações de Scooby e sua turma no século XXI.

Um feliz dia das bruxas, cuidado com as assombrações e tocamos em frente!


Reboots: Os acertados e os enjoados

(Luke Baldin)

Cena de O que há de novo, Scooby-Doo? Um dos remakes mais acertados da animação nos dias atuais. A continuidade com mudanças no enredo e nos traços não foi tão bem recebida pelos que há algum tempo acompanham a turma (Reprodução)
Cena de O que há de novo, Scooby-Doo? Um dos remakes mais acertados da animação nos dias atuais. A continuidade com mudanças no enredo e nos traços não foi tão bem recebida pelos que há algum tempo acompanham a turma (Reprodução)

Scooby-Doo com toda a certeza foi um sucesso desde quando foi lançado. Porém, algo que achei uma grande furada foi dar tantas versões do desenho. A de 2002, O Que Há De Novo em Scooby-Doo, pode-se considerar um acerto. Porém as outras continuações, Scooby-Doo Misterio S/A e Que Legal, Scooby-Doo! são verdadeiras patacoadas. Foi uma tentativa lastimável de reboots, de colocar romances desnecessários em personagens e até mesmo mudar o traço do desenho. Se a mudança fosse legal ok, mas não foi nada legal, Scooby-Doo.

É óbvio que há uma vontade de reemplacar e reemplacar novas versões do cartoon que já fez muito sucesso. Acontece que se for pra destruir o original, é melhor parar por aí. Por que não recriam Tutubarão? Tutubarão foi um cartoon no estilo de Scooby. Mas era ambientado em cidades submarinas. Sim… Meio bizarro. Scooby-Doo e Tutubarão são a mesma coisa, só com outras ambientações e personagens.

Entre tantos, Tutubarão (Jabberjaw) foi uma das animações ao molde de Scooby-Doo mais populares, porém sem nenhum reboot desde os anos 70. Pena não mais ser aproveitado, assim como outros tantos na mesma linha e igualmente bons (Reprodução)
Entre tantos, Tutubarão (Jabberjaw) foi uma das animações ao molde de Scooby-Doo mais populares, porém sem nenhum reboot desde os anos 70. Pena não mais ser aproveitado, assim como outros tantos na mesma linha e igualmente bons (Reprodução)

Tudo bem que o tubarão pateta é menos conhecido entre os mais novos, mas com uma estratégia de reprisar o cartoon original para depois apresentar uma nova versão de Tutubarão seria algo legal. Acontece que essa galera dos cartoons está errando a mão e destruindo clássicos. Assim como foi com a nova versão de As Meninas Super Poderosas. WTF?

E não podemos esquecer que também tivemos dois filmes para o cinema: Scooby-Doo, O Filme e Scooby-Doo 2: Monstros A Solta. Ambos medianos. O que faz os filmes ser medianos? O fato de ser muito difícil adaptar um produto tão bom sem que o resultado final seja meio vergonhoso, o que foi o caso dos filmes e dos reboots animados. Isto sem contar os outros dois filmes de 2009 e 2010, com elenco todo alterado e histórias igualmente medianas.

Elenco do primeiro filme em live-action de Scooby-Doo. Bem recebido como uma merecida releitura do clássico, foi bom até um limite, depois perdendo o pique em outras produções (Reprodução)
Elenco do primeiro filme em live-action de Scooby-Doo. Bem recebido como uma merecida releitura do clássico, foi bom até um limite, depois perdendo o pique em outras produções (Reprodução)

O ponto é que a essência de Scooby-Doo se perdeu: Descobrir quem está por trás da fantasia do monstro. No clássico não temos muito foco em relacionamentos entre os membros da Mistério S/A, claro, sempre ficou um clima subentendido entre Daphne e Fred, mas nunca foi esse um dos enredos. Era muito básico. E é isso que se perdeu. Scooby-Doo fez tanto sucesso por conta de uma história sem muitos rodeios. Voltado para o mistério de forma descontraída e pontual. Monstros não existem. Temos que temer as pessoas.

1709512-scoobydoo_gif_3_Eu gostava bastante da galera da Mistério S/A. Comecei a ver o desenho já criança no Xuxa Park. Porém eu não gostava dos episódios que eram exibidos numa versão compacta pela Globo. Sempre curti a versão do SBT e as quinhentas formações diferentes. Scooby-Doo & Scooby-Loo (temporada com o Salsicha e outra com Salsicha e Daphne), Scooby-Doo e Scooby-Dum. Eu curtia. Embora lá nos anos 70 a tecnologia não era tão avançada que nem hoje, mesmo assim os episódios conseguem ser atemporais. Isso é coisa que pouco cartoon consegue fazer, sobreviver ao tempo.

Por hoje é isso galera. Semana que vem tem mais Videotape n’A Boina!

Luke e André para A BOINA encerrando a transmissão, Tchau!

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