Como um ônibus pode mexer com nossa memória? Ultimamente em Blumenau ele tem mexido muito mais com nossa paciência nos tempos de transporte emergencial, entrelaçado entre consultas públicas, reclamações, esperanças e cotidiano puxado. São outros tempos, onde o glamour talvez tenha se perdido com o crescer rápido da cidade e dos habitantes, cada vez mais exigentes por um transporte de qualidade, o que espera-se muito na nova concessão que vem ai.
No entanto, falar de transporte coletivo em Blumenau (que já falamos aos montes aqui em A BOINA), também é recordar a história, acredite você se quiser ou não. A cidade é servida de ônibus desde a década de 10, sem falar que a mais antiga das empresas de ônibus do Brasil – a Auto Viação Catarinense – nasceu aqui em 13 de abril de 1928, por iniciativa de Theodor Darius, juntamente com os sécios João Hahn e Adolfo Hass. Desde então, a cidade-jardim tem tradição em serviços de ônibus, embora muitas das famílias que geriram as empresas não souberam as manter vivas, como foi o caso triste da Glória, como bem sabemos.
O que me faz recordar essa tese de que um mero ônibus traz recordações interessantes e felizes foi a foto postada pelo amigo Ricardo da Conceição em 22 de março de 2016. Uma imagem indelével que remota aos tempos do Aeroporto Quero-Quero, tão chorado e lutado para que abrigue voos comerciais em nossa cidade (ele não os recebe mesmo tendo uma pista mais longa que o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro). Na foto, um Fokker 50 da TAM prepara-se para o pouso, num belo retrato que faz recordar uma cena de cinema.
A imagem foi feita por volta do fim dos anos 80 a meados da década de 90 e não deixa de ser um importante registro histórico da saudosa atividade de aviação comercial em nosso aeroporto (que esperamos tanto que volte). Mas, uma das coisas que mais chamou atenção nos comentários, além do avião, foram as palavras a respeito do ônibus que aparece nas imagens. Um coletivo da Glória que, provavelmente, fazia alguma das linhas da Itoupava Central (presume-se Franz Volles ou Via Moinho) num tempo em que ainda não existiam os terminais.
A BOINA tem recordado um pouco das histórias do transporte coletivo no especial A Marcha dos Ônibus (Parte 1 / Parte 2) , desde os primórdios até o ainda recente fim do Consórcio SIGA. No entanto, em imagens, as recordações de outros tempos do transporte coletivo dizem muito mais. No meio dos chamados busólogos (adeptos da história e mecânica dos coletivos) encontramos um espaço especial na internet que guarda preciosidades desta história: O site Egonbus.
No portal, encontra-se várias imagens de passado e presente de empresas de ônibus de todo o estado, sendo Blumenau uma das mais prolificas no espaço. Depois do fim do SIGA, o que apareceram de fotos antigas de Glória, Rodovel e Verde Vale no site recentemente transformaram-se em registros preciosos da evolução e história do nosso transporte coletivo. Não esquecendo, também, de outras empresas lá retratadas, como a Catarinense, a Raínha e outras do Vale, como a Volkmann (Pomerode), a Santa Terezinha (Brusque), a Expresso Presidente (Presidente Getúlio), a Coletivo Itajaí (Itajai) e outras tantas. Um acervo riquíssimo para os curiosos e adeptos da chamada busologia.
Pensando em resgatar histórias e recordações (sem causar revoltas, comentários e palanques quaisquer), A BOINA separou aqui um aperitivo em três galerias especiais das três empresas do ex-SIGA através dos tempos. Todas elas, retiradas do Egonbus, a quem fica o agradecimento pela preservação e registro e o reiterar do crédito ao site e a todos os que lá colaboraram com as imagens disponíveis.
Quem quiser conferir mais imagens pode dar uma voltinha nas galerias do Egonbus e reviver mais histórias de um tempo nostálgico do nosso transporte coletivo. Falta apenas uma “atualização” das galerias com mais ônibus da fase final do SIGA. Em breve, corrijo as galerias.
Gloria:
Rodovel:
Verde Vale:
Grandes Fotos, Parabéns!!