Israel e mais gritos vazios

Tem horas que olho para onde guardo os velhos boletins escolares, o diploma de graduação em jornalismo, respiro fundo e me alegro por ter tido a chance de receber conhecimento para compartilhar, desenvolver senso crítico e analisar situações pela ótica de várias ciências sociais, tal como a história que tanto milito e que uso como balizador para explicar o presente com os elementos que já vem de tempo e tempo.

A recente questão que envolve Israel e o mais recente e sangrento conflito no Oriente Médio é um exemplo clássico deste meu interesse que, confesso, tenho falado pouco: a análise a luz dos movimentos já conhecidos pela história recente e antiga, o que desenhou o atual cenário beligerante e que mostra, sobretudo, a intolerância de um pensamento extremado que não vê diálogo, apenas a imposição da vontade pelas armas contra um estado que, de fato, consta nos autos de 1948 e nunca teve o direito de se denominar como tal.

Mas, ao chegar estes ventos com cheiro de pólvora no Brasil, combinadas as posturas recentes e equivocadas de Lula diante do conflito (conhecimento, a falta dele, diria), tornaram este assunto mais um no caldo da polarização que toma conta deste país ultimamente. Não é novidade, sobretudo quando, outra vez, lembro que o desconhecimento da história é tão distorcido quanto, seja por um lado ou pelo outro.

É fato, o presidente busca afobadamente tomar a frente de um assunto espinhoso, complicado e quase sem solução dada as tantas jogadas de tentativa e erro ao longo da história. É incisivo, mas venenoso, complica relações com um país que, há anos, é grato ao Brasil e tem reverencias desde os tempos de Ben Gurion. Não é defensável, mas não é apontando o dedo com a mesma dose de raiva, mesmo não soando antissemita (avaliação de especialistas), que se designa erros, quem mata mais ou menos.

Porém, esta pólvora distorcida, como disse, é mais uma munição para a polarização política deste país, e na esteira da falta de conhecimento, arremata Israel como um “estado cristão” sendo este um país essencial e majoritariamente judeu. Igrejas neopentecostais tem comprado esta bandeira com distorções gritantes numa espécie de posicionamento dentro do país baseadas em narrativas distorcidas, fakes, fora de racionalidade, protagonizando cenas cômicas e lamentáveis.

Conhecimento, para um lado ou para o outro, a falta dele é a maior deficiência de qualquer debate. A profundidade dá lugar a defesas apaixonadas e distorcidas que proporcionam, novamente, um show de incoerências e gritos fanáticos que nada agregam ao debate.

A questão é de educação, vem de base, não para apenas na leitura do que se é conveniente, mas sobretudo no estudo de visões sólidas sobre situações reais, concretas, que de fato desenvolvem o senso crítico numa discussão de qualquer tema.

É claro, talvez seja sonhar demais, mas é a prova da falta de um processo educacional sólido que crie esta visão maior na mente de qualquer um desde a base escolar. E quando este chega numa idade adulta, confiante ou não no seu senso crítico, mostra um discurso igualmente raivoso, pronto para a briga cega, trocando as bolas. É doloroso e cada vez mais qualquer assunto simples é tema de polarização nesta realidade nacional ainda tão beligerante e antidemocrática em pontos e contrapontos.

O debate da situação em Israel é só mais um destes tantos embates entre rebeldes de cada lado da gangorra político-social do Brasil dividido da atualidade. E nesta ciranda, me volto novamente aos meus boletins escolares e ao meu diploma de jornalista, a prova de que conhecimento me molda e abre a mente para entender o mundo a volta. Tão necessário e, em volta, tão em falta.

E só pra terminar, de novo: Israel é um estado judeu, ok?

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