Cês sabem que eu não sou do tipo que adoraria “dar uma invertida” em alguém por mera brincadeira, mas adoraria o fazer com, simplesmente, a maior voz da musica brasileira. Afinal, pimentinha, não era você que não aturava a guitarra elétrica?
Então, Elis… nada contra, aquela história de “banquinho e violão” é maravilhosa demais! É a essência de um bom barzinho a meia-luz com os sons da bossa nova rasgando o clima e as fumaças de cigarro das mesas. Mas a coisa de gringo dá um sal a mais, um pesinho a mais no negócio. Você me diria o que depois de ouvirmos juntos a tal da “Velha Roupa Colorida”?
Fazedora de obras ou, simplesmente, uma releitora de grandes páginas musicais brasileiras, a pimentinha simplesmente estraçalha nesta que é, apenas e tão somente, a segunda faixa do lado A do épico “Falso Brilhante”, de 1976. Disco que é, pura e simplesmente, a consolidação musical do grande espetáculo teatral que revisa a vida e obra da moça gaúcha que dominou a musica nacional.
Nada contra a versão original de Belchior – até porque a musica é dele, claro – mas o sal que a composição ganha, com esta pegada marota de Rock, é algo extraordinário. O disco já começa com Elis ao extremo em “Como Nossos Pais” (outra do cearense) e descamba nessa paulada, quase uma continuação, uma levada ao extremo da voz e da energia da gigante, aos olhos do amado Cesar Camargo Mariano, que assina a direção musical e arranjos da obra (Cesar, cê foi cirúrgico!)
Enfim, foi graças ao dedo de Beto Xavier numa manhã de BR96, na União FM, que descobri essa pérola musical brasileira. Parte de um dos discos mais obrigatórios e consagrados de nossa história melódica e página importante da memória de quem vociferava contra a guitarra elétrica, mas que, cantando com ela, fechava uma combinação explosiva: Elis ‘coptero’ Regina “pimentinha”, na raiz da palavra e da voz.
Bora ouvir, em vinil que é bem melhor!