Som n’A BOINA #51: Operator (That’s Not the Way It Feels) (Jim Croce)

Cês sabes como eu adoro músicas que, além de serem obras de arte puras, carregam consigo uma história saborosa. Já vimos isso quando desvendamos “We’ve Only Just Begun“, do Carpenters, há alguns números atrás. Essa carga de curiosidade parece que dá mais valor ao som em questão, tornando-o ainda mais especial ao ouvi-lo.

Nesse raciocínio, caí nas graças de uma melodia vinda do talento efêmero e enorme de um bom judeu. Digo “bom judeu” mesmo com todas as letras, sendo ele marcado com a Estrela de Davi, extremamente religioso e familiar mas aberto a poesia e as nuances das experiências que teve em vida, uma tão curta vida: Jim Croce.

Você pode chama-lo, equivocadamente, de “Frank Zappa” no primeiro olhar, mas ao contrario do cara do “Bobby Brown“, Croce tinha um feeling muito mais Country e Folk, carga das passagens de vida e da simplicidade que carregava consigo desde a tenra juventude. Ele era parte de uma leva de compositores norte-americanos (incluindo, aqui, o Canadá) que iam além da tendência para o Rock, o Soul ou o Disco: era um estilo quase próprio, algo que nascia feito conto, reflexão ou poesia e virava música.

Ouvimos Donovan, Don McLean, Jackson Browne, Gordon Lightfoot, Joni Mitchell, Joan Baez e Emmylou Harris, todos eles com esta mesma mescla deliciosa entre o Country e o Folk que formam essa nuance tão própria que Croce e o também saudoso Harry Chapin também exploraram. Digo saudoso pois Croce não pode aproveitar o tão sonhado boom de sua música no mundo. Morreu num trágico acidente de avião em 1973, quase como a minha idade: 30 anos.

Jim tinha uma sutileza só dele, capaz de fazer a gente navegar no dedilhar do violão que carrega consigo. É dele a perfeição de sons como “Time In a Bottle“, “I Got a Name“, “Bad Bad Leroy Brown” e esta “Operator (That’s Not the Way It Feels)“, inspirada em histórias vindas do serviço militar do cantor, observando os colegas soldados aguardando a hora de poderem usar o telefone da base para ligar para parentes, amigos e, por que não, para as amadas.

E a letra? Uma história de um homem que busca o número da ex-namorada que mudara-se para Los Angeles ao lado do melhor amigo. Queria contar que tinha superado tudo e tal, mas ao ter nas mãos o número do telefone da garota, pede a telefonista (operator, em ingles) para não fazer a ligação e ainda, gentilmente, pede que ela fique com o trocado do telefonema.

Sutil, perfeita para um dia de sol, uma volta na estrada diante de campos desertos, para estar no campo, para qualquer momento de inspiração. Este era o som deste americano da Pensilvânia que, entre o tempo com a família e a boleia de um caminhão, embalava as mentes dos seus ouvintes com poesias e arranjos simples em tempos conturbados na política e na vida social. Um cantor até hoje lembrado pela obra tão curta mas tão impactante até hoje.

Com vocês, para os incautos que não o conhecem, Jim Croce… meio-século longe, meio-século atual…

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